Reuters
03/05/2002 - 18h01

Erupção vulcânica é narrada por sobrevivente em livro

da Reuters, em São Paulo

Sobreviver a um desastre natural é algo que marca para sempre a vida das pessoas. Que dirá Stanley Williams, cientista que em 1993 liderou um grupo de renomados vulcanólogos para dentro da cratera de um vulcão que subitamente explodiu, matando nove pessoas.

Williams conta sua história em parceria com o jornalista Fen Montaigne em "A 600ºC - O depoimento do homem que sobreviveu à explosão do vulcão Galeras" (Ed. Objetiva, 352 pgs).

Narrado em primeira pessoa, em estilo de documentário, o livro impressiona pela objetividade com que descreve a erupção do vulcão colombiano Galeras em 14 de janeiro de 1993.

São impressionantes as descrições das consequências da explosão para um grupo de 13 pesquisadores, que "mediam seu pulso" para tentar descobrir quando uma erupção ameaçadora estaria por vir.

Williams, que teve uma perna praticamente arrancada por pedras vulcânicas lançadas pelo Galeras, além de ter sofrido graves ferimentos na cabeça, descreve com a frieza necessária, e típica de um cientista, a erupção e os eventos que marcaram seu resgate e de outros quatro vulcanólogos.

"Outro projétil (pedra vulcânica incandescente) quase decepara meu pé direito no tornozelo; a bota pendia de um feixe de tendões e carne", conta Williams em um dos trechos da obra.

"A 600ºC também é marcado com o didatismo e o bom ritmo dos autores, prendendo a atenção do leitor. O único deslize da obra acontece quando a dupla de escritores resolve interromper o ápice da explosão para inserir biografias demasiado longas dos vulcanólogos que participaram da fatídica expedição.

Mas o livro recobra o interesse com as narrações histórias de antigas erupções, resultado de dois anos de pesquisa de Williams e Montaigne. Eles narram desde a explosão do vulcão mais famoso do mundo, o Vesúvio, em 79d.C, passando pela erupção cataclísmica do monte Laki, na Islândia, em 1783, chegando a eventos mais recentes, como a detonação do Monte Peleé, na Martinica, em 1902.

Os mais politicamente corretos talvez se decepcionem com o subtítulo - "o depoimento do homem que sobreviveu à explosão do vulcão Galeras" - ao descobrir que Williams não foi o único sobrevivente. Um detalhe, porém, fácil de ser esquecido com a história vibrante de "A 600º C".

O livro, além de transmitir o fascínio e o medo que um vulcão exerce sobre os vulcanólogos, mostra a importância e o perigo deste jovem ramo da ciência, cujos 300 profissionais dedicados no mundo todo, segundo Williams, têm a missão de tentar conseguir prever erupções ameaçadoras nos cerca de 1.500 vulcões ativos da Terra.
 

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