Reuters
17/05/2001 - 15h42

Rússia bombardeia rio congelado para conter enchente

da Reuters, em Moscou

Aviões russos bombardearam hoje uma lâmina de gelo de 80 quilômetros de largura, na tentativa de desobstruir um curso de água resultante do degelo, que provoca inundações e já deixou milhares de desabrigados no leste da Sibéria, informou o ministro das Emergências, Sergei Shoigu.

Mas a porta-voz do órgão, Marina Ryklina, disse que o nível da água continua alto e preocupante próximo à cidade de Lensk. "Caças de combate lançaram seis bombas contra a barreira de gelo, mas o nível da água não diminuiu", disse Ryklina.

Ryklina disse que a camada de gelo, mais espessa que o normal, derreteu e ocupou o leito do Lena por causa da onda de calor desta semana na região de Irkustk.

"Mas o problema real é que o gelo do norte ainda não derreteu, e por isso a água do degelo não tem para onde correr", afirmou ela.

Shoigu, que está na região de Sakha supervisionando a operação, disse que os aviões ainda tentavam destruir a massa de gelo que, segundo a imprensa russa, tem 80 quilômetros de largura e vários metros de espessura, bloqueando o rio 75 quilômetros a leste de Lensk.

Mas Ryklina disse que o bombardeio precisa ser feito com cautela porque uma quebra muito rápida do gelo pode alagar de uma vez Yakutsk, rio abaixo.

"Em Lensk, a água está cinco metros acima do normal. Eles têm geradores para manter os hospitais e até agora não houve vítimas, mas a situação é ruim, preocupante", afirmou Shoigu.

Shoigu disse à emissora de TV estatal "ORT" que 12 mil pessoas foram retiradas da região e que helicópteros estão lançando toneladas de comida àqueles que não conseguiram sair das pequenas comunidades ribeirinhas, em uma catástrofe provocada pelo fim de um dos invernos mais rigorosos da história da Sibéria.

Ontem, a imprensa russa noticiou que a produtora de diamantes Alrosa anunciou uma estimativa de prejuízos por causa da inundação dos portos que usa para escoar sua produção _Lensk e Dudinka, uma cidade no Círculo Ártico, não muito longe da área afetada.

Lensk foi inundada em 1998 pelo Lena, que nasce perto da Mongólia, atravessa a Sibéria e deságua no Ártico. O fundador do Estado Soviético, Vladimir Lênin, cujo sobrenome real era Ulyanov, supostamente tirou seu pseudônimo do nome desse rio.
 

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