Reuters
03/05/2002 - 19h18

Para ministro, Venezuela está entre diálogo e sangue

da Reuters, em Caracas

O ministro da Defesa da Venezuela, José Vicente Rangel, advertiu hoje que o país corre risco de mais derramamento de sangue se os adversários do presidente Hugo Chávez não aceitarem o diálogo para curar as feridas políticas abertas no breve golpe de Estado do mês passado.

"Não há alternativa ao diálogo na Venezuela", disse Rangel, nomeado vice-presidente por Chávez no domingo, mas que ainda não tomou posse, durante audiência no Parlamento.

"Não há outro jeito. Caso contrário, se não avançarmos, terminaremos nos matando uns aos outros."

Rangel disse ter informação confiável de que alguns dos oponentes de Chávez ainda pensam em tentar outro golpe, ou mesmo assassinato, mas não deu mais detalhes.

Adversários e simpatizantes de Chávez ainda trocam acusações pela responsabilidade das 60 mortes ocorridas durante os conflitos de rua na época do mini-golpe, de 11 a 14 de abril.

Rangel também rejeitou as acusações de que os homens armados que abriram fogo em 11 de abril eram simpatizantes do governo de Chávez.

"A maioria das mortes naquela tarde trágica foi de seguidores do governo", afirmou.

O novo vice-presidente também repetiu a versão do governo de que um grupo de civis e militares organizou e executou a conspiração para derrubar Chávez.

"Tudo o que tem a ver com o golpe aconteceu muito antes das mortes em Miraflores (palácio presidencial)", disse ele em seu testemunho à comissão de investigação da Assembléia Nacional.

Os adversários de Chávez, que incluem chefes trabalhistas e empresários, além de militares dissidentes, dizem que a reconciliação só será possível após o esclarecimento das mortes.

Eles querem que Chávez convoque eleições antecipadas ou prove sua vontade de fazer concessões, mude seu gabinete e reverta políticas esquerdistas que cobrem áreas como petróleo e terra, finanças e pesca no quarto maior produtor de petróleo do mundo.

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