Reuters
06/05/2002 - 07h43

Letícia Spiller estréia "O Falcão e o Imperador" em São Paulo

da Reuters, em São Paulo

Apenas duas mulheres em cena: uma é Deus e a outra, o Homem. Ambas travam uma batalha filosófica, numa discussão sobre amor e poder e as dificuldades de se viver num mundo permanentemente envolvido em caos e guerra. Esse é o enredo da peça "O Falcão e o Imperador", que estreou na sexta-feira no Teatro Tuca, em São Paulo.

Letícia Spiller e Jac Fagundes são as estrelas do espetáculo, uma adaptação do poema "Ascese - Os Salvadores de Deus", do escritor grego Nikos Kazantzákis, mais conhecido por seus trabalhos no cinema, como "Zorba, O Grego" e "A Ûltima Tentação de Cristo".

Além desse texto, foram utilizados poemas de amor escritos pelo persa Jalalludin Rumi para seu amante, o mestre Shams de Tabriz. O resultado só poderia ser um roteiro denso, mas muito lírico e sensível.

Letícia, que vem se dedicando a esse projeto há três anos -a peça já passou pelo Rio de Janeiro, Curitiba, Campinas e Porto Alegre -, teve de desistir da novela "O Clone" para fazer o papel de Deus no espetáculo. Ao que tudo indica, a atriz global não se arrepende, uma vez que o trabalho no teatro tem feito sucesso.

Em "O Falcão e o Imperador", a trilha sonora foi arduamente pesquisada e desenvolvida por Daniela Visco, também diretora da peça, sendo composta por cerca de 500 temas, desde música eletrônica, ambiente e drum'n'bass até música indiana e pop, como U2 e Arnaldo Antunes.

O espetáculo já vale logo de início, quando se vê Letícia rodopiando por vários minutos numa coreografia contemporânea. Vale lembrar que ela e Jac Fagundes se preparam para as três horas de atuação com power yoga e dança, e esse bom trabalho corporal é representado no palco com leveza.

Um detalhe, apenas, prejudica a peça. As atrizes usam microfones nos diálogos, deixando de lado aquele tradicional charme do teatro marcado pela entonação e a força das vozes dos personagens, sem recursos de áudio.

Fora isso, Letícia e Jac passam boa parte do espetáculo correndo pelo palco, numa arena virtual onde são projetados hologramas -inovador, certamente, mas meio enjoativo. A boa atuação das atrizes se manteve até o final do espetáculo, e foi reconhecida por aplausos calorosos do público.

 

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