Reuters
08/05/2002 - 19h23

Hugo Chávez faz "limpeza" nas Forças Armadas da Venezuela

da Reuters, em Caracas

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está fazendo uma limpeza no comando militar venezuelano para evitar uma nova rebelião como a que o derrubou brevemente do poder em abril. A informação é do Ministério da Defesa.

O general Lucas Rincón, que na segunda-feira assumiu o ministério, admitiu que os militares estão divididos e que há descontentamento contra o presidente, um ex-pára-quedista do Exército.

"Há tantas mudanças nas forças militares porque a situação que vivemos assim recomenda. É simplesmente isso", disse ele a jornalistas. Desde que Chávez retornou ao poder, em 14 de abril, ele trocou a maior parte do comando militar e um grande número de oficiais do alto escalão.

Analistas acham que Chávez não conta com o apoio dos generais, razão pela qual colocou militares de menor patente em cargos de comando, o que aumentou ainda mais o descontentamento em alguns setores.

No mais recente episódio, um coronel foi designado como comandante da 41ª Brigada Blindada do Exército e Guarnição, em Valência, no Estado de Carabobo. Seu antecessor, o general Guillermo López, teria se negado a entregar o comando ao coronel Pedro Ruiz, ex-colega de turma de Chávez. Rincón nega essa versão.

A transferência do comando foi antecipada de hoje para a próxima terça-feira, para evitar uma manifestação de opositores. Mesmo assim, cerca de 200 pessoas (pró e contra Chávez) estiveram no local, sob a vigilância de cem soldados.

"Não vamos negar que alguns oficiais, sobretudo de alta patente, generais e almirantes, estão com certo descontentamento. Entretanto, estamos trabalhando para limar asperezas, fechar essas brechas que apareceram", disse Rincón.

A Frente Institucional Militar, um órgão de oposição que reúne oficiais da reserva, considerou "absolutamente inaceitável a auditoria a que foram submetidos, nos últimos dias, os comandantes das Forças Armadas, em constante desrespeito à organização militar".

Esse grupo acusa Chávez de ter politizado e dividido os militares, sem respeitar seus princípios de disciplina, obediência, subordinação e distância da política.

Por causa do golpe, seis militares estão em prisão domiciliar, sob investigação. O empresário Pedro Carmona, que assumiu o poder durante menos de dois dias, está na mesma situação.

Analistas dizem que 60 oficiais estão suspensos e sendo investigados. Segundo o vice-presidente, José Vicente Rangel, que foi ministro da Defesa, os suspeitos de tramarem o golpe são dez. Chávez e seus ministros dizem que há o risco de uma nova rebelião.

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