Hugo Chávez faz "limpeza" nas Forças Armadas da Venezuela
da Reuters, em CaracasO presidente da Venezuela, Hugo Chávez, está fazendo uma limpeza no comando militar venezuelano para evitar uma nova rebelião como a que o derrubou brevemente do poder em abril. A informação é do Ministério da Defesa.
O general Lucas Rincón, que na segunda-feira assumiu o ministério, admitiu que os militares estão divididos e que há descontentamento contra o presidente, um ex-pára-quedista do Exército.
"Há tantas mudanças nas forças militares porque a situação que vivemos assim recomenda. É simplesmente isso", disse ele a jornalistas. Desde que Chávez retornou ao poder, em 14 de abril, ele trocou a maior parte do comando militar e um grande número de oficiais do alto escalão.
Analistas acham que Chávez não conta com o apoio dos generais, razão pela qual colocou militares de menor patente em cargos de comando, o que aumentou ainda mais o descontentamento em alguns setores.
No mais recente episódio, um coronel foi designado como comandante da 41ª Brigada Blindada do Exército e Guarnição, em Valência, no Estado de Carabobo. Seu antecessor, o general Guillermo López, teria se negado a entregar o comando ao coronel Pedro Ruiz, ex-colega de turma de Chávez. Rincón nega essa versão.
A transferência do comando foi antecipada de hoje para a próxima terça-feira, para evitar uma manifestação de opositores. Mesmo assim, cerca de 200 pessoas (pró e contra Chávez) estiveram no local, sob a vigilância de cem soldados.
"Não vamos negar que alguns oficiais, sobretudo de alta patente, generais e almirantes, estão com certo descontentamento. Entretanto, estamos trabalhando para limar asperezas, fechar essas brechas que apareceram", disse Rincón.
A Frente Institucional Militar, um órgão de oposição que reúne oficiais da reserva, considerou "absolutamente inaceitável a auditoria a que foram submetidos, nos últimos dias, os comandantes das Forças Armadas, em constante desrespeito à organização militar".
Esse grupo acusa Chávez de ter politizado e dividido os militares, sem respeitar seus princípios de disciplina, obediência, subordinação e distância da política.
Por causa do golpe, seis militares estão em prisão domiciliar, sob investigação. O empresário Pedro Carmona, que assumiu o poder durante menos de dois dias, está na mesma situação.
Analistas dizem que 60 oficiais estão suspensos e sendo investigados. Segundo o vice-presidente, José Vicente Rangel, que foi ministro da Defesa, os suspeitos de tramarem o golpe são dez. Chávez e seus ministros dizem que há o risco de uma nova rebelião.
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