Canadá busca liberação de estudos com célula-tronco embrionária
da Reuters, em OttawaO Canadá apresentou hoje um projeto de lei que vai proibir o uso de embriões clonados em pesquisas, mas permitirá o uso de embriões excedentes de clínicas de fertilidade em pesquisas com células-tronco.
A lei confirma a intenção do governo, anunciada anteriormente, de proibir a clonagem humana. No entanto, rejeita uma recomendação do comitê da Câmara dos Comuns de determinar restrições específicas e rígidas à pesquisa com embriões criados por fertilização "in vitro".
"Essa é uma questão difícil e complexa", disse a ministra da Saúde, Anne McLellan, a repórteres, reconhecendo que a lei poderia enfrentar um longo percurso no Parlamento. "Essas são decisões muito importantes e básicas que atingem os pilares de nossa sociedade, a família."
Assim como outros países, o Canadá está tentando decidir como regular os avanços médicos prometidos pela pesquisa com células-tronco e como equilibrar esses benefícios prometidos com o temor de algumas pessoas com a destruição de embriões humanos.
O Reino Unido e os Estados Unidos permitem a criação de embriões para pesquisa e o uso de embriões excedentes de clínicas de fertilidade, embora as práticas sejam proibidas para estudos financiados pelo governo norte-americano.
As células-tronco possuem características genéricas indiferenciadas e têm a capacidade de se transformar em tipos de célula com funções específicas no organismo. Por causa dessa habilidade, cientistas estudam a possibilidade de usá-las para regenerar órgãos e tecidos danificados. Elas são uma esperança no tratamento de doenças como Alzheimer, diabete ou lesões na medula espinhal.
A polêmica é se elas devem ser retiradas de embriões ou de adultos. O comitê de saúde da Câmara dos Comuns (parlamento) divulgou um relatório em dezembro a favor das células-tronco adultas.
O problema é que as células-tronco embrionárias têm se revelado mais eficientes em pesquisas que exigem enormes esforços para obter resultados modestos.
O documento dos parlamentares propunha a recusa de licenças para pesquisas com células-tronco embrionárias, a menos que houvesse clara demonstração "de que nenhuma outra categoria de material biológico poderia ser usada."
O projeto de lei rejeitou o trecho a favor de uma fórmula mais flexível, para que licenças sejam concedidas se os embriões são "necessários" à pesquisa proposta.
A nova lei iria, como planejado anteriormente, proibir o pagamento de mães de aluguel ou doadores de esperma ou óvulo. Mas ela permitiria —ao contrário das recomendações do comitê— que as pessoas pagassem gastos específicos.
A legislação também manteria anônimos os doadores de esperma e óvulos, se eles desejassem, contrariando novamente as recomendações do comitê.