Reuters
10/05/2002 - 18h31

Democracia na Venezuela ainda está em risco, diz OEA

da Reuters, em Caracas

Uma delegação da OEA (Organização dos Estados Americanos) pediu hoje ao governo e à oposição da Venezuela que evitem o confronto armado, rejeitem a intromissão militar na política e abraçem o diálogo democrático para evitar a repetição do golpe do mês passado.

Em relatório sobre a rebelião militar que tirou Hugo Chávez da presidência entre os dias 11 e 14 de abril, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos também pediu para o governo proteger a liberdade de imprensa e desarmar os grupos violentos de simpatizantes e opositores.

"A comissão pede o fortalecimento do regime das leis no menor prazo possível", disse o presidente do grupo, Juan Mendez, em entrevista coletiva. "Garantir este domínio e garantir que as instituições trabalhem efetivamente é uma maneira de evitar o espectro de um golpe."

Mendez pediu para Chávez e seus adversários pararem de se tratar como inimigos e conversarem para desarmar as tensões políticas que surgiram no mês passado.

Mais de 60 pessoas foram mortas e dezenas ficaram feridas durante os cinco dias de protestos de rua na época do golpe no quinto maior exportador de petróleo do mundo.

Mendez disse que a democracia venezuelana ainda está ameaçada por uma série de fraquezas, como a interferência aberta das forças armadas na política. "Isso é perigoso para as forças armadas e para a estabilidade da democracia", disse.

No relatório da missão de cinco dias, a delegação da OEA conclama o governo a desarmar os grupos que procuram impor suas visões políticas com uso da violência. "Eles são uma ameaça significante à democracia venezuelana", afirma o texto do documento.

O representante da OEA classificou a condição de liberdade de trabalho dada a jornalistas como "muito precária e perigosa" na Venezuela, e disse que pediu ao presidente que repita o apelo feito a seus simpatizantes para não importunarem membros da mídia.

Mendez disse estar decepcionado com a lenta investigação dos assassinatos de civis durante o golpe e criticou tanto o governo quanto a oposição por serem inflexíveis. "Não encontramos uma atitude de diálogo", disse.

Na sexta-feira, o jornal "El Nacional" publicou o que chamou de comunicado de um grupo de oficiais de médio escalão acusando Chávez de empurrar os militares para a política e pedindo para ele governar para todos, e não favorecer grupos.

"Seja um presidente para toda a república, não um tenente-coronel obcecado pela idéia de ser a reencarnação de Simon Bolívar", diz o texto.

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