Reuters
14/05/2002 - 13h21

Abit Fashion premia os melhores da moda de 2001 em São Paulo

da Reuters, em São Paulo

A cultura popular brasileira deu a tônica do 3º Prêmio Abit Fashion, evento de gala que elegeu os melhores profissionais de 2001 do setor têxtil e de moda na Sala São Paulo, na praça Julio Prestes (cerntro de SP) na segunda-feira.

Mais organizado e dinâmico que nos anos anteriores, o prêmio concedido pela ABIT (Associação Brasileira de Indústria Têxtil) durou cerca de uma hora e meia e reuniu vips, políticos, empresários, modelos e algumas vítimas da moda para um espetáculo que começou com a baiana Maria Bethânia e a alemã Hanna Schygulla, que se apresenta dia 19 no teatro Alfa Real, no mesmo palco.

Cantora, atriz e musa do cineasta Fassbinder, Hanna teve uma entrada dissonante num espetáculo marcado por forte traços regionais armado pela diretora Bia Lessa, a representante número um da era Fernando Henrique Cardoso na área de exposições e espetáculos que traduzam a brasilidade.

Foi produzida por ela, por exemplo, a elogiada área dedicada ao barroco na Mostra do Redescobrimento.

O ponto alto do show foi quando as duas cantaram "La Vie en Rose", animando a platéia e preparando-a para o inevitável festival de apresentações e agradecimentos que dominam esses eventos.

Repentistas, sambistas, rappers e outros tipos característicos da cultura brasileira começaram a apresentar então as categorias num cenário repleto de balões de festa junina com luzes piscantes por dentro.

A apresentação ficou a cargo da atriz Marisa Orth, acompanhada do produtor Felipe Veloso. Não deu muito certo. Vestidos como um casal de quadrilhas, eles estavam tão animados quanto um gato diante de um prato de chuchu refogado.

Muita gente ganhou prêmio pela segunda vez consecutiva. Foi o caso do estilista Walter Rodrigues, do cabeleireiro e maquiador Celso Kamura, da marca de moda praia Rosa Chá e do produtor Paulo Martinez - que mandou um amigo drag queen receber o prêmio em seu lugar.

O evento foi marcado mais pela ausência dos premiados no palco. Alexandre Herchovitch, ganhador da melhor coleção masculina, o maquiador Saulo Fonseca e a modelo Caroline Ribeiro, que ficou pelo segundo ano no topo da preferência, contentaram-se em mandarem amigos.

O destaque para a coleção de moda feminina ficou para Reinaldo Lourenço, que também faturou o prêmio melhor campanha publicitária. Ele realmente teve uma boa safra nas duas últimas coleções do SP Fashion Week, buscando inspiração artesanal com mistura bem casada de tendências contemporâneas, toques étnicos e resgate de influências do século XVII, como casacas e apliques de passamanarias.

Entre as revelações das últimas temporadas estão o moreno Thiago Gass, que faturou o prêmio de melhor modelo masculino e o fotógrafo Jacques Dequeker. A revista Vogue foi a contemplada na sua categoria, assim como a Santista Têxtil e a inovadora tecelagem Marisol Nordeste foram duplamente premiadas no setor industrial.

Nos corredores, via-se muito pretinho básico, muito cabelo chapinha e pouca ousadia. Nem parecia um evento de premiação de moda.


TERNO PRETO, SAPATO BRANCO

A discrição imperou, com algumas exceções, é claro, como o terno roxo do produtor Paulo Borges, modelos com tinta loira sobre cabelos desgrenhados à Blondie dos anos 80. Teve até quem apostasse num look New Romantic, com ombreira militar de metal dourada no ombro e correntes pendentes sob uma base preta. No palco, os homens premiados deixaram clara sua preferência por terno preto e uma duvidosa (ou seria fashion?) combinação com sapato branco.

A homenagem especial ficou para Gabriela Pascolato, 84 anos, mãe da empresária e consultora de moda Costanza Pascolato. Ela, que veio da Itália para o Brasil há mais de meio século e desde os 27 anos trabalha no ramo de confecção na fábrica da família, a Santa Constância, disse que ficou surpresa com a homenagem.

"Fiquei contente, mas eu não fiz nada demais. É que eu não me emociono facilmente, pois já passei por muita coisa na vida", disse ela depois do evento. "Minha rotina é chegar à fábrica todos os dias às 9 da manhã e ajudar que posso, dos operários às pessoas do ramo", disse ela, que prestes a cumprir 85 anos em junho, não perde um único desfile agendado na cidade, do underground mais obtuso ao evento mais glamouroso.

Depois da homenagem, o evento terminou em festa de carnaval. O mais tradicional puxador de samba da Mangueira, o cantor Jamelão, entrou no palco com uma parte da bateria e três passistas. Chocalhos foram distribuídos na platéia e, como pode se prever em eventos brasileiros, tudo acabou em samba.
 

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