Reuters
15/05/2002 - 18h36

Candidatos "pequenos" brigam por espaço em eleição colombiana

da Reuters, em Bogotá

O conselho de Augusto Lora é para que nas próximas eleições presidenciais, em 26 de maio, os colombianos votem em branco. Seria uma proposta normal, se Lora não fosse um dos 11 candidatos.

"Não quero que votem em mim, quero que o povo se desperte, se conscientize. Considero que o voto em branco é a criptonita do sistema democrático dos corruptos", diz esse ex-oficial do Exército, que tem como candidato a vice um ex-guerrilheiro.

Apesar da guerra civil e da crise econômica, há 11 pessoas dispostas a assumir o governo, entre elas um toureiro, dois militares da reserva, um sindicalista, três advogados, uma cientista política (atualmente sequestrada), dois economistas e um ex-sacerdote franciscano.

Só dois deles têm condições reais de chegar ao governo. Álvaro Uribe, conhecido por seu discurso linha-dura contra a guerrilha, é um dissidente do Partido Liberal que tem 47,6% das intenções de voto. E o candidato oficial dos liberais, Horácio Serpa, com 27,4%. No outro extremo, os sete candidatos menos populares somariam apenas 1,2% dos votos, menos que os 5,2% de intenções de voto em branco.

Alguns analistas acham que tantos candidatos não são sintoma da vitalidade da democracia, e sim da fragilidade dos partidos, num país onde há 76 deles. "É claro que a maioria dos candidatos não terá nenhuma chance, é como um afã de protagonismo, de aparecer na televisão. As idéias podem ser interessantes, mas como não têm organização política, sua possibilidade é zero", disse Germán Ruíz, professor de ciências políticas da Universidade de Los Andes.

Um atrativo extra para os "micro-candidatos" é que, por causa da possibilidade de atentados nos comícios em praças públicas, o governo decidiu aumentar o horário eleitoral gratuito na televisão. "Pareceria uma manifestação de abertura democrática, na medida que qualquer pessoa pode se candidatar, mas na realidade o resultado é a debilidade dos partidos que podem aglutinar os sentimentos das pessoas. É uma paródia da democracia, uma piada", disse Ruiz.

A prova do declínio dos partidos tradicionais é que, pela primeira vez em 30 anos, o Partido Conservador, do atual presidente, Andrés Pastrana, não conseguiu consenso para lançar um candidato nas próximas eleições.

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