União Européia e América Latina tentam se aproximar em cúpula
GARETH JONESda Reuters, em Madri
Quase 50 líderes da América Latina e da União Européia se reúnem nesta sexta-feira, em um encontro de cúpula ofuscada pelos problemas econômicos da Argentina, pela guerra civil da Colômbia e pela instabilidade política da Venezuela.
Durante dois dias de reunião, em um centro de convenções nos arredores de Madri, a União Européia vai defender o liberalismo econômico e a democracia nesses países e tentar ampliar seus laços com uma região tradicionalmente vinculada aos Estados Unidos.
O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou a União Européia por nem sempre adequar suas práticas a seu discurso. "Se eles querem mais laços, precisam querê-los sem protecionismo, derrubando progressivamente as barreiras. A Europa tem espaço para avançar nesse sentido'', disse Cardoso a jornalistas.
O Mercosul negocia atualmente um "acordo de associação'' com a União Européia, semelhante ao que foi firmado na sexta-feira entre UE e Chile, que mantêm um comércio anual de US$ 7,2 bilhões.
Na ausência do cubano Fidel Castro, a exceção na defesa da abertura econômica na região é o venezuelano Hugo Chávez, que declarou na quinta-feira que ''o neoliberalismo é o caminho, para o inferno''.
A Espanha quer aproveitar a reunião para expressar apoio à Argentina, país que atravessa grave crise econômica e concentra muitos investimentos espanhóis.
Na quinta-feira, os diretores do banco espanhol BSCH deram garantias ao presidente argentino, Eduardo Duhalde, de que não vão deixar o país. "Eles sabem que a Argentina tem potencial e estão dispostos a nos apoiar'', disse Duhalde.
"A América Latina precisa estar conectada ao mundo globalizado, abrindo sua economia e mantendo marcos legais e econômicos que incentivem o investimento'', disse o primeiro-ministro espanhol, José María Aznar, ao site da presidência da UE, numa referência velada à Argentina.
Outro tema importante será o combate ao terrorismo. O presidente colombiano, Andrés Pastrana, vai propor que a UE inclua as guerrilhas comunistas Farc e ELN em sua lista de organizações terroristas. A Espanha, que combate os separatistas bascos do ETA, apóia a medida. Pastrana também pedirá mais ajuda européia no combate ao narcotráfico.
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