Reuters
17/05/2002 - 08h47

União Européia e América Latina tentam se aproximar em cúpula

GARETH JONES
da Reuters, em Madri

Quase 50 líderes da América Latina e da União Européia se reúnem nesta sexta-feira, em um encontro de cúpula ofuscada pelos problemas econômicos da Argentina, pela guerra civil da Colômbia e pela instabilidade política da Venezuela.

Durante dois dias de reunião, em um centro de convenções nos arredores de Madri, a União Européia vai defender o liberalismo econômico e a democracia nesses países e tentar ampliar seus laços com uma região tradicionalmente vinculada aos Estados Unidos.

O presidente Fernando Henrique Cardoso criticou a União Européia por nem sempre adequar suas práticas a seu discurso. "Se eles querem mais laços, precisam querê-los sem protecionismo, derrubando progressivamente as barreiras. A Europa tem espaço para avançar nesse sentido'', disse Cardoso a jornalistas.

O Mercosul negocia atualmente um "acordo de associação'' com a União Européia, semelhante ao que foi firmado na sexta-feira entre UE e Chile, que mantêm um comércio anual de US$ 7,2 bilhões.

Na ausência do cubano Fidel Castro, a exceção na defesa da abertura econômica na região é o venezuelano Hugo Chávez, que declarou na quinta-feira que ''o neoliberalismo é o caminho, para o inferno''.

A Espanha quer aproveitar a reunião para expressar apoio à Argentina, país que atravessa grave crise econômica e concentra muitos investimentos espanhóis.

Na quinta-feira, os diretores do banco espanhol BSCH deram garantias ao presidente argentino, Eduardo Duhalde, de que não vão deixar o país. "Eles sabem que a Argentina tem potencial e estão dispostos a nos apoiar'', disse Duhalde.

"A América Latina precisa estar conectada ao mundo globalizado, abrindo sua economia e mantendo marcos legais e econômicos que incentivem o investimento'', disse o primeiro-ministro espanhol, José María Aznar, ao site da presidência da UE, numa referência velada à Argentina.

Outro tema importante será o combate ao terrorismo. O presidente colombiano, Andrés Pastrana, vai propor que a UE inclua as guerrilhas comunistas Farc e ELN em sua lista de organizações terroristas. A Espanha, que combate os separatistas bascos do ETA, apóia a medida. Pastrana também pedirá mais ajuda européia no combate ao narcotráfico.

Leia mais
  • Mercosul e UE não chegam a acordo sobre livre comércio em Madri
  • Cúpula de Madri começa com apelo de Aznar à abertura econômica
  • União Européia e América Latina tentam se aproximar em cúpula
  • FHC critica protecionismo europeu que impede desenvolvimento da AL
  • União Européia formaliza acordo de livre comércio com o Chile
  • Cúpula de Madri focaliza combate ao terror e fomento ao desenvolvimento
  • América Latina pede um acesso adequado a mercados europeus
     
  • FolhaShop

    Digite produto
    ou marca