Reuters
21/05/2002 - 21h17

Bush vai à Europa para dizer que é aliado

da Reuters, em Washington

O presidente George W. Bush fará uma viagem de uma semana à Europa, na qual vai tentar assegurar aos líderes europeus que os EUA são seus aliados, apesar de amplas divergências sobre questões como comércio, Oriente Médio e aquecimento global.

Bush parte amanhã e fará escalas em Berlim, Moscou e São Petersburgo. Também irá à França e a Itália e terá uma audiência com o papa João Paulo 2º, no Vaticano.

Muitos na Europa já criticaram o que é visto como o unilateralismo americano, manifestado em atitudes como a rejeição do protocolo de Kyoto, há um ano, e, neste mês, de outro que estabeleceria um tribunal penal internacional.

Os aliados europeus dos EUA também estão preocupados com as pesadas tarifas impostas pelos EUA às importações de aço e com a política pró-Israel do país e questionam o compromisso de longo prazo dos EUA com a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

Bush deve tratar diretamente de algumas dessas questões no discurso que fará amanhã no Bundestag (o Parlamento alemão). Bush deverá argumentar que a relação é importante demais para que se possa permitir que alguns pontos de discórdia atrapalhem a cooperação em torno de metas mais gerais, tais como a guerra contra o terrorismo, a paz no Oriente Médio e a resolução da crise da Aids na África.

"Temos tanto em comum com nossos aliados europeus, tanto que nos une —muito mais do que as ocasionais divergências", disse o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer. "É nesse espírito que Bush vai à Europa."

Hoje, manifestantes marcharam pacificamente em Berlim para protestar contra a possível expansão da "guerra contra o terrorismo" declarada pelos EUA. E 10 mil policiais foram mobilizados para conter milhares de pessoas que devem protestar amanhã contra suas políticas comercial, ambiental e sobre o Oriente Médio.

Ao saber das manifestações, Bush disse, em entrevista a uma TV alemã: "Isso é bom, isso é a democracia. Adoro visitar lugares que têm confiança em sua liberdade, lugares em que as pessoas se sentem livres para se expressar."

O ponto focal da viagem será na sexta, quando Bush e o presidente russo, Vladimir Putin, devem assinar um tratado de redução de armas nucleares que prevê o corte de dois terços das ogivas nucleares estratégicas das duas maiores potências nucleares do mundo ao longo dos próximos dez anos.

Eles também devem discutir o que fazer com seus mísseis nucleares de menor alcance. Os EUA acham que a Rússia possui mais mísseis do que precisa e teme que alguns caiam em mãos erradas.

É provável que as partes criem um conselho de alto nível para discutir o escudo antimísseis balísticos que Bush quer erguer. Para tanto, deixou de lado o Tratado Antimísseis Balísticos, firmado em 1972.

Depois da Rússia, Bush se reunirá com o presidente francês, Jacques Chirac, em Paris, e visitará as praias onde as tropas aliadas desembarcaram no chamado Dia D, na Segunda Guerra Mundial.

Em Roma, ele participará de uma cúpula entre Otan e Rússia, na qual será oferecida à Rússia alguma participação no processo decisório da aliança atlântica.
 

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