Reuters
23/05/2002 - 14h54

Argentina deve perder US$ 1,4 bi com subsídios agrícolas dos EUA

da Reuters

A nova lei agrícola dos Estados Unidos, que eleva os subsídios para o setor, poderá representar uma perda de US$ 1,4 bilhão em exportações para a Argentina, disse hoje o chefe de gabinete de ministros da Argentina, Alfredo Atanasof.

''Estima-se que a Argentina perderia cerca de US$ 1,4 bilhão de exportações por culpa destes novos subsídios que foram impostos'', disse o ministro.

Os EUA criaram recentemente uma lei que aumenta em 67% os subsídios para produtos agrícolas e lácteos durante os próximos seis anos, aumentando em US$ 6,4 bilhões anuais os gastos agrícolas.

A medida é considerada como um retrocesso das reformas de livre mercado estimuladas pelos EUA e é fortemente rejeitada pelos países cujas economias dependem em grande parte das exportações de produtos agrícolas.

Atanasof, que não detalhou as razões das perdas que sofreria a Argentina, acrescentou que vários setores do governo se ocuparão em encontrar medidas defensivas contra a lei agrícola norte-americana aprovada recentemente.

''Vai haver uma reunião com a chancelaria, Ministério da Justiça, Ministério do Trabalho, Secretaria de Políticas Econômicas e com a Secretaria de Agricultura para tratar o tema dos subsídios agrícolas norte-americanos'', disse.

Ontem, o chanceler Carlos Ruckauf afirmou que a Argentina vai se unir ao Brasil para apresentar uma queixa sobre os subsídios norte-americanos na OMC (Organização Mundial do Comércio).

Desta maneira, a Argentina, um dos principais produtores e exportadores mundiais de trigo, soja e milho, se uniu aos protestos dos maiores exportadores de produtos agrícolas do mundo, como Austrália, Canadá e Nova Zelândia.

Consultado sobre se a apresentação da queixa diante da OMC poderia complicar as negociações em curso com o FMI (Fundo Monetário Internacional), que já duram meses, Atanasof descartou essa possibilidade.

''De maneira alguma. Os Estados Unidos são um país a mais no marco da economia global'', disse.

Segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), os subsídios dos países desenvolvidos somam US$ 49 bilhões anuais nos EUA e outros US$ 90 bilhões na Europa.

A ajuda da União Européia aos agricultores equivale a 38% do ingresso bruto do setor e a ajuda do governo dos Estados Unidos representa 22%.

A eliminação dos subsídios que as nações desenvolvidas aplicam a suas produções agropecuárias geraria fortes ganhos aos países agrícolas, como a Argentina.

''Estimamos que se estes (subsídios) acabassem completamente, a Argentina exportaria cerca de US$ 5 bilhões a mais'', assinalou o chefe de gabinete de ministros.

''A Argentina pede então um tratamento justo. Se nos pedem livre câmbio, nós entendemos que o livre câmbio deve ser para todos'', acrescentou.

A Argentina suspendeu os pagamentos de sua dívida pública -que chega a US$ 141 bilhões- e desvalorizou sua moeda, que já perdeu mais de 70% de seu valor frente ao dólar desde janeiro. Desde o início da crise, o desemprego e a pobreza alcançaram recordes históricos.

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