Reuters
24/05/2002 - 10h06

Tensão diminui e premiê indiano decide tirar folga

da Reuters, em Nova Déli

O primeiro-ministro indiano, Atal Behari Vajpaye, viajou hoje para um fim de semana de folga no Himalaia, depois que a intervenção diplomática internacional afastou o risco imediato de uma guerra contra o Paquistão.

O jornal indiano "Hindustan Times" disse que, após uma semana falando grosso com o Paquistão, o governo decidiu dar mais dois meses ao país vizinho para que cumpra a promessa de combater os militantes islâmicos separatistas que agem na Caxemira.

Reuters - 25.jan.2002
Atal Behari Vajpaye, primeiro-ministro da Índia
Isso acontece no momento em que o comissário (ministro) europeu de Assuntos Externos, Chris Patten, começa uma viagem à região. Outros líderes diplomáticos internacionais devem passar pelo sul da Ásia nas próximas semanas, em busca de um acordo entre Índia e Paquistão, potências nucleares que já travaram três guerras, duas delas pela Caxemira.

Em outro sinal de que a tensão diminuiu, as Bolsas dos dois países subiram, refletindo uma declaração feita na véspera por Vajpaye de que a guerra não é inevitável.

Segundo o "Hindustan Times", porém, um conflito armado pode começar se em dois meses a Índia achar que o Paquistão não agiu de forma satisfatória. A guerra estaria definitivamente descartada, segundo o jornal, se não houver incidentes violentos até as eleições regionais da Caxemira, no segundo semestre.

Apesar disso, houve novos combates na fronteira, que mataram pelo menos um indiano.

Índia e Paquistão mantêm cerca de 1 milhão de soldados na fronteira desde dezembro, quando um esquadrão de supostos separatistas invadiu o Parlamento indiano e provocou um massacre. Nova Déli acusa os vizinhos de incentivarem essas ações, mas o governo de Islamabad admite apenas apoio diplomático à causa separatista.

A situação se agravou após um atentado na semana passada, que matou mais de 30 pessoas na parte indiana da Caxemira

O secretário-geral da Organização das ONU (Organiação das Nações Unidas), Kofi Annan, considerou a situação alarmante e pediu uma "ação vigorosa" ao presidente paquistanês, general Pervez Musharraf, que na quarta-feira (22) renovou a promessa feita em janeiro de combater os militantes islâmicos, inclusive na parte paquistanesa da Caxemira.

Analistas indianos receberam essa notícia com otimismo, mas disseram que as autoridades devem esperar ações reais de Musharraf. O fim de semana prolongado de Vajpaye, na localidade montanhosa de Manali, é visto como um sinal de que a guerra agora não é iminente.

Apesar disso, o Paquistão colocou sua capital em pé de guerra ontem, cancelando todas as folgas de funcionários públicos e convocando voluntários para cursos de primeiros-socorros e combate a incêndios.

Reuters - 12.ago.2001
Pervez Musharraf, presidente do Paquistão
Para fortalecer ainda mais a vigilância na fronteira, mais de 4.000 soldados paquistaneses das tropas de paz da ONU em Serra Leoa (África) foram chamados de volta, e o governo não descarta abandonar a ajuda militar aos Estados Unidos na caça a militantes dos grupos Taleban e Al Qaeda.

A Índia controla 40% da Caxemira; o Paquistão um terço, e a China o resto. Os muçulmanos são maioria na região, e há 12 anos eles começaram a lutar pelo separatismo, num conflito que já matou mais de 33 mil pessoas. O Paquistão propõe um plebiscito para definir o futuro da área. A Índia prefere a mediação internacional.

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