Reuters
24/05/2002 - 14h41

Roman Polanski apresenta drama da 2ª Guerra Mundial em Cannes

da Reuters, em Cannes

O diretor Roman Polanski mergulhou fundo em suas memórias de infância para criar seu filme mais recente, "The Pianist", a história verídica de um músico que sobreviveu à aniquilação de Varsóvia durante a 2a Guerra Mundial.

O ator americano Adrien Brody faz o papel de Wladyslaw Szpilman, pianista que escapou de ser deportado e foi um dos pouquíssimos judeus que restaram na capital polonesa ao final da guerra. Antes dela, 500 mil judeus viviam na cidade.

Polanski, 68, contou na sexta-feira que esperou a vida inteira para fazer o filme, que é baseado nas memórias de Szpilman, mas também, em parte, no que o próprio Polanski viveu no gueto judaico de Cracóvia.

"O instigante em encontrar este material é que não era minha história pessoal", disse o diretor em entrevista coletiva à imprensa concedida no Festival de Cannes, onde o filme é um dos 22 que concorrem ao prêmio máximo, a Palma de Ouro.

"Era algo que conheci, alguma coisa que recordo muito bem, que me ajudou a recriar a época e os acontecimentos, sem falar de mim mesmo ou das pessoas próximas a mim", disse Polanski.

Nascido em Paris, filho de pais judeus, Polanski retornou à Polônia quando tinha 2 anos. Depois de escapar do gueto, passou a guerra vagando sozinho pela Polônia ocupada. Seus pais foram deportados para um campo de concentração, onde sua mãe morreu.

Como "A Lista de Schindler", "The Pianist" mostra as crueldades horrendas perpetradas pelos nazistas contra a população judaica. Mas o filme se abstém de atribuir culpas.

"Além do fato de lidar com os horrores de maneira muito otimista, o ponto forte do livro (em que o filme se baseia) é a moderação", disse Polanski, diretor de clássicos do cinema como ''Chinatown'' e ``O Bebê de Rosemary''.

Tendo escapado de ser deportado para o campo de Treblinka, Szpilman passa a viver escondido, passando longos períodos completamente só. Em sua luta para sobreviver, o pianista antes elegante retrocede para um estado quase primitivo.

O ator Adrien Brody, que ficou famoso como soldado no drama de guerra "Atrás da Linha Vermelha", disse que passou seis meses isolado, preparando-se para o papel.

"Tive que perder muito peso e aprender a tocar Chopin, duas coisas difíceis", contou.

Os críticos elogiaram o filme, que vem somar-se a outros candidatos fortes para a Palma de Ouro, ao lado dos trabalhos de diretores como Mike Leigh, Ken Loach, Aki Kaurismaki e David Cronenberg.


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