Reuters
24/05/2002 - 23h07

Universidade dos EUA tentou clonar embrião humano

da Reuters, em São Francisco

A Universidade da Califórnia, em São Francisco (EUA), confirmou hoje que desenvolveu um grande projeto de clonagem de embriões humanos para propósitos terapêuticos. Essa é a primeira grande instituição pública a reconhecer ter realizado a polêmica pesquisa.

O projeto da universidade, que começou há três anos e foi interrompido temporariamente, pretendia produzir células-tronco embrionárias para pesquisa médica, e não para clonar seres humanos.

Mas o trabalho, que foi apresentado, hoje, no "Wall Street Journal", deve esquentar o debate no Senado norte-americano, onde legisladores estão avaliando projetos para proibir todo tipo de clonagem humana.

"O ponto geral é que essas experiências e outras semelhantes destacam a importância de avançar, e não incriminar, a ciência", disse Keith Yamamoto, vice-reitor de pesquisa da escola de medicina da universidade.

Clonagem terapêutica
A Universidade da Califórnia é a primeira grande universidade dos Estados Unidos a reconhecer um programa de clonagem de embrião. Até agora, só a Advanced Cell Technology, uma companhia de biotecnologia, afirmou publicamente que desenvolve esse tipo de pesquisa.

O projeto foi liderado pelo embriologista Roger Pedersen, importante cientista que depois se mudou para o Reino Unido para escapar do crescente debate norte-americano sobre a moralidade da pesquisa de clonagem e células-tronco.

O trabalho de Pedersen com clonagem terapêutica foi financiado com verba federal e pela empresa de biotecnologia Geron, para cumprir uma lei de 1995 que impede o uso de fundos federais para estudos em que embriões são destruídos.

De acordo com a universidade, o grupo de Pedersen conduziu duas séries de experiências de clonagem de embriões: uma no início de 1999 e outra no início de 2001.

Os cientistas tentaram transplantar o DNA de células humanas adultas em óvulos de doadoras, na clínica de fertilidade da universidade. Esse processo tem como objetivo a produção de blastócitos - o estágio mais inicial do desenvolvimento embrionário -, dos quais as células-tronco podem ser coletadas.

A meta era obter células-tronco geneticamente idênticas ao DNA do doador adulto e que, portanto, poderiam ser usadas para desenvolver possíveis tratamentos para doenças, desde mal de Alzheimer e mal de Parkinson até diabetes, câncer e lesão na medula espinhal.

Pedersen afirmou que a abordagem de clonagem na pesquisa com células-tronco poderia "provar ser unicamente valiosa para o desenvolvimento de terapias humanas."

"Um benefício óbvio seria obter células-tronco embrionárias compatíveis do ponto de vista imunológico com pacientes individuais", disse ele em um comunicado.

Autoridades da universidade disseram que o projeto não produziu resultados conclusivos e foi interrompido - pelo menos até agora.

Nenhuma pesquisa de clonagem terapêutica está sendo desenvolvida no momento na universidade. As autoridades disseram, no entanto, que a instituição, que já está na vanguarda da pesquisa com células-tronco nos EUA, está pronta para retomar os estudos de clonagem se houver condições.
 

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