Universidade dos EUA tentou clonar embrião humano
da Reuters, em São FranciscoA Universidade da Califórnia, em São Francisco (EUA), confirmou hoje que desenvolveu um grande projeto de clonagem de embriões humanos para propósitos terapêuticos. Essa é a primeira grande instituição pública a reconhecer ter realizado a polêmica pesquisa.
O projeto da universidade, que começou há três anos e foi interrompido temporariamente, pretendia produzir células-tronco embrionárias para pesquisa médica, e não para clonar seres humanos.
Mas o trabalho, que foi apresentado, hoje, no "Wall Street Journal", deve esquentar o debate no Senado norte-americano, onde legisladores estão avaliando projetos para proibir todo tipo de clonagem humana.
"O ponto geral é que essas experiências e outras semelhantes destacam a importância de avançar, e não incriminar, a ciência", disse Keith Yamamoto, vice-reitor de pesquisa da escola de medicina da universidade.
Clonagem terapêutica
A Universidade da Califórnia é a primeira grande universidade dos Estados Unidos a reconhecer um programa de clonagem de embrião. Até agora, só a Advanced Cell Technology, uma companhia de biotecnologia, afirmou publicamente que desenvolve esse tipo de pesquisa.
O projeto foi liderado pelo embriologista Roger Pedersen, importante cientista que depois se mudou para o Reino Unido para escapar do crescente debate norte-americano sobre a moralidade da pesquisa de clonagem e células-tronco.
O trabalho de Pedersen com clonagem terapêutica foi financiado com verba federal e pela empresa de biotecnologia Geron, para cumprir uma lei de 1995 que impede o uso de fundos federais para estudos em que embriões são destruídos.
De acordo com a universidade, o grupo de Pedersen conduziu duas séries de experiências de clonagem de embriões: uma no início de 1999 e outra no início de 2001.
Os cientistas tentaram transplantar o DNA de células humanas adultas em óvulos de doadoras, na clínica de fertilidade da universidade. Esse processo tem como objetivo a produção de blastócitos - o estágio mais inicial do desenvolvimento embrionário -, dos quais as células-tronco podem ser coletadas.
A meta era obter células-tronco geneticamente idênticas ao DNA do doador adulto e que, portanto, poderiam ser usadas para desenvolver possíveis tratamentos para doenças, desde mal de Alzheimer e mal de Parkinson até diabetes, câncer e lesão na medula espinhal.
Pedersen afirmou que a abordagem de clonagem na pesquisa com células-tronco poderia "provar ser unicamente valiosa para o desenvolvimento de terapias humanas."
"Um benefício óbvio seria obter células-tronco embrionárias compatíveis do ponto de vista imunológico com pacientes individuais", disse ele em um comunicado.
Autoridades da universidade disseram que o projeto não produziu resultados conclusivos e foi interrompido - pelo menos até agora.
Nenhuma pesquisa de clonagem terapêutica está sendo desenvolvida no momento na universidade. As autoridades disseram, no entanto, que a instituição, que já está na vanguarda da pesquisa com células-tronco nos EUA, está pronta para retomar os estudos de clonagem se houver condições.