Reuters
25/05/2002 - 09h41

Paquistão inicia teste de mísseis de médio alcance

da Reuters, em Islamabad (Paquistão) e Nova Déli (Índia)

O Paquistão testou hoje mísseis de médio alcance -capazes de lançar bombas nucleares nas principais cidades da Índia-, enquanto a tensão aumenta na região.

O presidente paquistanês, general Pervez Musharraf, disse que o teste, no aniversário do nascimento do profeta do Islã, Maomé, foi bem-sucedido.

"Neste dia auspicioso, quero lhes dar uma notícia auspiciosa", disse Musharraf a acadêmicos islâmicos. "Quero contar a toda a nação e aos senhores que hoje testamos nosso míssil de fabricação nacional Ghauri com um alcance de 1.500 quilômetros."

"Ele atingiu seu alvo com grande precisão e sucesso", disse o presidente paquistanês, antes de apregoar "Deus é grande" três vezes.

"Não queremos a guerra, mas não temos medo da guerra", afirmou.

O teste do míssil Ghauri, ou Hatf-V, é o primeiro de uma série prevista para acontecer até terça-feira (28). O Paquistão afirma que os testes são rotineiros e não têm relação com o que os Estados Unidos chamaram de confronto "muito perigoso" entre vizinhos detentores de armas nucleares.

A ação ocorre justamente no momento de maiores atritos e de alertas militares nos adversários do Sudeste Asiático na disputa pelo território de Caxemira, no Himalaia, que levantaram temores de guerra.

A reação da Índia foi de indiferença. O primeiro-ministro, Atal Behari Vajpayee, não comentou, e uma porta-voz do Ministério das Relações Exteriores disse que os testes não impressionaram o governo. "Claramente, eles visam a uma audiência doméstica no Paquistão", disse.

Com vários confrontos na fronteira e um grande número de homens sendo mobilizados, o mundo teme que Índia a Paquistão voltarão à guerra pela Caxemira, região alvo de duas das três guerras travadas pelos países desde a independência indiana, em 1949.

O presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, em viagem à Rússia, pediu que o Paquistão contenha os militantes muçulmanos que fazem ataques contra o território controlado pela Índia e disse estar muito preocupado com as tensões na área.

"Estamos deixando muito claro para ambas as partes que não há benefício na guerra, não há benefício em um confronto que pode levar a uma guerra mais ampla. Estamos muito preocupados com a retórica."

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