Reuters
27/05/2002 - 08h20

Com discurso duro, Uribe chega à Presidência da Colômbia

da Reuters, em Bogotá (Colômbia)

O candidato independente Alvaro Uribe elegeu-se ontem presidente da Colômbia, com a promessa de aumentar a pressão militar contra as guerrilhas. Lívido e aos prantos, Uribe disse no seu discurso da vitória que só negociará com os rebeldes se eles entregarem suas armas.

"Eles desperdiçaram muitas oportunidades para a paz. Eles sempre terão oportunidades", disse Uribe, um advogado de direita, educado em Harvard e Oxford, que já foi governador e defende a ajuda militar norte-americana a seu país.

Reuters - 22.mai.2002
Alvaro Uribe, eleito presidente da Colômbia
A embaixadora dos Estados Unidos em Bogotá, Anne Patterson, foi à sede da campanha de Uribe cumprimentá-lo antes mesmo do anúncio da vitória. Washington já deu US$ 1 bilhão à Colômbia, até agora sem sucesso, para tentar combater a indústria da cocaína e suas conexões com os rebeldes.

Uribe prometeu buscar mediação internacional para tentar encerrar a guerra civil de 38 anos, que envolve duas guerrilhas de esquerda (Farc e ELN), paramilitares de direita e tropas do governo, com um saldo de 3.500 vítimas anuais.

No governo, ele deve aumentar em um terço o gasto militar do país, para ultrapassar US$ 4 bilhões, e dobrar o número de policiais. Ele promete dar rádios a 1 milhão de civis para que prestem informações às autoridades sobre as guerrilhas.

O novo presidente, um dissidente do Partido Liberal, teve cerca de 53% dos votos, e por isso não haverá segundo turno. Horacio Serpa, candidato oficial dos liberais, teve aproximadamente 32%. Uribe praticamente não apareceu em público nas últimas semanas de campanha. Ele sofreu um atentado em abril e desde então restringiu as atividades eleitorais à TV.

No discurso de vitória, ele homenageou seu pai, um fazendeiro morto pelas Farc na década de 1980. "Ele era um jovem, só uns poucos meses mais velho do que eu sou hoje, quando aconteceu o mesmo que com milhares de colombianos: morreu em uma tentativa de sequestro. Que ele, do céu, peça ao Senhor para que este novo estágio que a Colômbia está iniciando forje a reconciliação."

À comunidade internacional, ele disse que sua prioridade é restaurar a ordem e a civilidade. Mas muitos grupos de defesa dos direitos humanos temem o fortalecimento dos paramilitares de direita, que combatem as Farc e o ELN. Adversários disseram que em várias regiões os paramilitares pressionaram a população a votar por Uribe. Ele nega simpatias por esses grupos.

A votação de ontem, boicotada pelas Farc, foi vigiada por mais de 200 mil soldados e policiais. Apesar das explosões ocorridas durante a semana, o dia da eleição foi tranquilo -exceto por 11 pequenas cidades, onde a guerrilha impediu a votação por roubar o material eleitoral.

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