Reuters
21/05/2001 - 12h45

Campanha eleitoral "morna" não anima britânicos

da Reuters, em Londres

A campanha eleitoral britânica, que deve levar o primeiro-ministro Tony Blair a um novo mandato, deve ter também o menor comparecimento às urnas desde a Primeira Guerra Mundial, segundo disseram analistas hoje.

O principal interessado em jogar um pouco de adrenalina na campanha, o adversário conservador de Blair, William Hague, não consegue animar nem mesmo seu partido, dividido por questões como a União Européia e a adesão ao euro.

Reuters - 08.mai.2001
Tony Blair, candidato à reeleição para premiê britânico
Mais de 140 líderes empresariais enviaram uma carta ao "Daily Telegraph" dizendo que a reeleição de Blair seria um desastre para a prosperidade britânica, mas todas as pesquisas de opinião mostram que isso não impedirá a caminhada do primeiro-ministro rumo a uma votação tranquila no dia 7 de junho.

A campanha tem sido um evento opaco, exceto pela infinita reprodução das imagens do vice-primeiro-ministro John Prescott esmurrando um manifestante na semana passada, após ser atingido por um ovo.

O analista John Curtice escreveu no "Independent" que o soco pode ter trazido vida à campanha para os jornalistas, mas parece não ter mobilizado em nada o público.

"Certamente não há nenhuma evidência de que Precott tenha ajudado a resgatar o país do que parece destinado a ser o menor comparecimento eleitoral desde 1918", disse Curtice, vice-diretor do Centro de Pesquisas de Eleições e Tendências Sociais.

Neste ano, há um ceticismo considerável entre os eleitores com relação a todos os partidos políticos. E as pesquisas mostrando os trabalhistas com folgada maioria podem afastar os eleitores, como já ocorreu no passado. "Não podemos nos surpreender com o fato de que os 20 pontos de vantagem dos trabalhistas estejam induzindo a um bocejo coletivo", escreveu Curtice.

No "Financial Times", o analista David Butler disse que os eleitores estão "numa apatia sem precedentes este ano".

O esforço de Hague em transformar o euro e a União Européia em grandes temas de campanha foi por água abaixo hoje, quando o lorde Brittan, um importante líder conservador, acusou Hague de defender políticas "defeituosas".

Brittan, que é comissário europeu e já foi ministro em seu país, disse em uma entrevista ao Times que o compromisso de Hague em descartar a adesão ao euro pelos próximos cinco anos foi um golpe para o seu partido.

Ele disse que a "hostilidade visceral" do candidato à Europa é responsável pelo temor infundado de que os conservadores possam algum dia retirar o Reino Unido da União Européia.

Blair defende uma maior participação na União Européia e a adesão à moeda única. Ele promete que, dependendo da situação econômica do país, levará a participação no euro a referendo.

Em mais um problema para Hague, o ex-primeiro-ministro conservador Edward Heath disse ontem que só o choque de mais uma derrota vai trazer o partido novamente da direita para o centro, e que só nessa posição ele poderá vencer uma eleição.

Um fio de esperança para Hague foi o apoio que ele recebeu dos líderes empresariais que enviaram a carta ao "Daily Telegraph". Segundo o grupo, um segundo governo trabalhista iria "criar um significativo risco ao futuro da prosperidade britânica". Os empresários também defenderam a proposta conservadora de diminuir impostos e regulamentos para as empresas.

Mas as últimas pesquisas mostram que uma derrota de Blair é praticamente impossível. Uma delas, do NOP, divulgada domingo no Times, dá 19 pontos de vantagem para os trabalhistas, dois a mais que na semana anterior.
 

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