Reuters
28/05/2002 - 10h28

Tigre da Tasmânia, visto pela última vez em 1936, pode ser clonado

da Reuters, em Sydney

Cientistas australianos anunciaram hoje que conseguiram replicar genes do extinto tigre da Tasmânia, usando células preservadas. Esse é um importante passo para a clonagem do animal, oficialmente extinto desde 1986 [50 anos depois de o último espécime ter sido visto, em 1936].

Os cientistas do Museu Australiano, em Sydney, dizem que um desses animais pode nascer dentro de dez anos. Para isso, é preciso produzir grandes quantidades de todos os genes do tigre e sequenciar as seções do seu genoma, para criar um "manual de instruções" de seu DNA.

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Michael Archer, diretor do Australian Museum, observa esqueleto e embrião de tigre da Tasmânia de 1866

"Estamos mais avançados do que qualquer outro projeto que tenha tentado algo remotamente similar usando DNA extinto," disse Mike Archer, diretor do museu. A clonagem do tigre, com o surgimento de animais férteis, é para ele "um sonho impossível que deu um passo gigantesco para se tornar uma realidade biológica."

O tigre da Tasmânia era um marsupial carnívoro do tamanho de um cão e com listras nas costas, que vivia originalmente em toda a Austrália e Papua-Nova Guiné. Em algum momento entre 2.000 e 200 anos atrás, sua presença ficou reduzida à ilha da Tasmânia, no sul australiano.

No século 19, fazendeiros da região começaram a caçar essa espécie. O último espécime conhecido morreu em 1936.

O projeto de cloná-lo começou em 1999, quando cientistas do Museu Australiano extraíram o DNA de uma cria do sexo feminino, conservada em álcool. Em 2001, novas amostras do DNA foram retiradas de ossos, dentes, cartilagens e músculos de dois outros exemplares.

Neste mês, os cientistas conseguiram replicar alguns dos genes. Segundo Archer, "o DNA supostamente morto na verdade reage como DNA vivo. Claramente o DNA recolhido não está extinto. Ele funciona e torna possível a clonagem de células".

Se os cientistas conseguirem clonar as células e formar um embrião, usarão o Diabo da Tasmânia, outro marsupial da região, como "hospedeiro". Isso significa que o material genético deve ser colocado em um óvulo esvaziado desse animal, e uma fêmea da espécie emprestará seu útero à gestação. Esse é um processo que ainda não foi desenvolvido.

Archer se diz otimista com o avanço da técnica. "Queremos uma população viável. Não queremos um animal estranho, vagando para cima e para baixo no laboratório. O que queremos é devolver esse animal à natureza, e para isso precisamos de uma população viável e fértil", afirmou.

 

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