Bush visita o papa e conversa sobre escândalo na Igreja dos EUA
da Reuters, no VaticanoO presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o papa João Paulo 2º conversaram hoje sobre os escândalos de pedofilia que estremeceram a Igreja Católica norte-americana, durante o encontro do líder norte-americano e o pontífice, no Vaticano.
"Ele abordou a questão da pedofilia na igreja, exatamente como disse que o faria", declarou o porta-voz da Casa Branca, Ari Fleischer, acrescentando que também foram discutidos temas como as liberdades religiosas na Rússia, as relações de Washington com Moscou e a situação no Oriente Médio. Não ficou claro se a guerra ao terrorismo também foi debatida durante o encontro de 20 minutos.
O Vaticano, por sua vez, emitiu um comunicado onde fez apenas referência ao escândalo de abuso sexual, afirmando que o papa disse a Bush que "expressa sua fé nos recursos espirituais dos católicos norte-americanos, apesar das dificuldades do momento".
A Igreja Católica dos EUA vem sendo atingida por uma série de escândalos sexuais que levaram o papa a convocar líderes religiosos norte-americanos ao Vaticano, no mês passado, para uma reunião sem precedentes.
O papa, cujo estado de saúde tem piorado, parecia relativamente bem ao receber Bush em seu gabinete privado no Palácio Apostólico.
"Obrigado, senhor. Muito obrigado por receber-me", disse Bush. Depois que se sentaram, o papa sorriu e cobriu o rosto com as mãos, numa brincadeira diante dos flashes dos fotógrafos.
"Eles farão você parecer bem, seu santo padre", disse Bush, misturando as duas expressões de tratamento usadas para referir-se ao papa -- "sua santidade" e "santo padre".
Quando Bush deixou o Vaticano, o papa disse: "Deus abençoe a América. Espero poder encontrar você de novo."
Em geral, as relações entre Bush, nascido cristão, e o papa são boas, ao contrário do que ocorria com o ex-presidente Bill Clinton. Bush e o papa compartilham de opiniões sobre moralidade e aborto.
Bush viajou à Itália para participar da reunião entre a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a Rússia, nos arredores de Roma, principal ponto de sua viagem à Europa.
Depois do encontro com o papa, Bush deixou Roma na tarde de hoje e voltou para Washington.
Acusações de pedofilia
O escândalo sexual nos EUA, que começou em Boston, está dando poucos sinais de redução. O ex-arcebispo de Milwaukee, Rembert Weakland, admitiu que pagou a um ex-estudante de Teologia para que não contasse sobre um encontro sexual ocorrido há duas décadas.
Em Boston, documentos de uma corte mostraram que o cardeal Bernard Law não manteve o padre John Geoghan afastado de crianças, mesmo após ter tomado conhecimento das acusações de pedofilia contra ele. Outras acusações de que padres abusam sexualmente de crianças estão surgindo em diversos estados dos EUA.
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