Reuters
28/05/2002 - 18h51

Internet disputa com TV atenção do brasileiro na Copa

da Reuters
da Folha Online

A Copa do Mundo de 2002, que começa no dia 31, vai mudar hábitos dos internautas brasileiros e já deu um ânimo ao mercado de publicidade on-line, mesmo que a TV continue rainha nas casas brasileiras e tenha exclusividade dos direitos de transmissão dos jogos.

Provedores de acesso à web são unânimes ao antecipar que o brasileiro vai se conectar à rede mundial pela manhã, assim que chegar ao trabalho. A diferença de 12 horas entre o horário oficial brasileiro e os da Coréia e Japão traz uma vantagem para a internet sobre os jornais impressos, que noticiarão os resultados dos jogos com um dia de atraso.

"A audiência vai ser maior durante todo o dia e, no mínimo, duplicada na parte da manhã", afirmou o diretor-geral do UOL, Caio Túlio Costa. O maior provedor de acesso pago do país, com 1,45 milhão de clientes, espera audiência 30% maior, em média, durante a Copa.

Para atingir metas elevadas como essa, conteúdo não é o que falta para a internet. Só na Folha Online, por exemplo, o especial da Copa já conta com mais de mil páginas com informações sobre a história das Copas, os 264 jogadores que já vestiram a camisa do Brasil nos Mundiais e os 32 países participantes na edição deste ano.

Pesquisa do Ibope eRatings.com mostrou que desde o início do ano vem aumentando a audiência dos sites de esportes. Mas enquanto há 54 milhões de televisores em todo o país, somente 13,6 milhões de brasileiros têm acesso residencial à internet. Desses, apenas 16% têm conexão em alta velocidade, que permitiria substituir a TV pelo computador para ver os jogos da Copa.

Além disso, a Fifa, federação mundial do futebol, manteve a exclusividade dos direitos de transmissão para as emissoras de TV. O Yahoo!, que criou o site oficial da Copa em parceria com a Fifa, transmitirá apenas os melhores momentos dos jogos e com algum atraso.

Pesquisas de audiência no Brasil mostram que apenas 1% dos internautas acompanharam notícias da Copa pelo computador em 1998, quando a seleção brasileira perdeu na final para a França. Agora, 34% dos internautas brasileiros pretendem aumentar o número de horas conectados à rede mundial.

Negócio difícil
Nada alimenta mais a audiência da internet do que os grandes acontecimentos. Os atentados contra os Estados Unidos em setembro do ano passado provocaram um volume inesperado de tráfego na rede, causando lentidão nas conexões e impossibilidade temporária de visualização de alguns sites.

Com um evento dessas proporções pré-agendado, alguns provedores de acesso começaram a oferecer cotas publicitárias no final do ano passado. Mas fechar negócio não foi tão fácil, embora o leque dos setores que anunciam na internet tenha mais do que duplicado em um ano, passando de 11 para 25, segundo o Ibope eRatings.com.

"O ano está sendo difícil, vivemos uma crise mundial do mercado publicitário", declarou Caio Túlio, do UOL, admitindo, no entanto, que o segundo trimestre será melhor. O provedor vendeu cinco cotas de publicidade. "A Copa é um produto importante", disse.

"A Copa é realmente um impulsionador para a publicidade", afirma Marcelo Benez, gerente geral de Publicidade da Folha. "A Folha Online tem a vantagem de participar do Grupo Folha, porque os projetos de publicidade podem ser fechados entre diversas mídias."

"Com a Copa, também criamos uma edição especial do Jornal da Ponte [newsletter entregue a partir das 16h para os passageiros da ponte aérea Varig-Rio Sul] que circulará pela manhã, com as informações dos jogos", afirma Luciano Belfiore, responsável pela publicidade do veículo. Só o produto impresso da Folha Online conseguiu vender cinco cotas de publicidade.

A partir das 16h, todos os passageiros da ponte aérea da Varig-Rio Sul recebem o Jornal da Ponte, um impresso com informações geradas pela Folha Online. Com a Copa, uma edição especial circulará também às 9h.

Segundo Belfiore, "a ação a bordo das aeronaves da Varig-Rio Sul, que já era inédita, passa a ser mais inédita ainda com a entrega do Jornal da Ponte na parte da manhã".

Para o iG, o evento-Copa deve gerar 15% do faturamento anual do provedor. Sem revelar os números finais dos contratos, o diretor Comercial do portal, Maurício Palermo, informou que o preço de tabela da cota "ouro" de patrocínio era de R$ 750 mil, mas houve descontos.

"A gente começou a vender em meados de fevereiro porque já sabia que o mercado se abriria só depois das grandes cotas da televisão", disse Palermo.

Parte importante da receita publicitária do Globo.com foi garantida pela venda de seis cotas de publicidade da Rede Globo, que incluem patrocínio do site da Copa. Outras cotas específicas continuam em aberto —como a de um bolão eletrônico e a do site de fotografias com a "garota da Copa"— que variam de R$ 40 mil a R$ 60 mil.

"A maior dificuldade é o aspecto negocial", disse Monteiro, do Globo.com. "O segmento de internet não está no seu melhor momento, mas a agressividade dos portais em lançar tantos produtos mostra o comprometimento com o projeto", afirmou. O Globo.com espera atrair um milhão de visitantes únicos para o site da Copa no prazo de dois meses.

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