Reuters
31/05/2002 - 14h38

Internet grátis sobrevive apesar de morte anunciada

da Reuters

A morte anunciada dos provedores de internet grátis no Brasil não se confirmou. Alguns dos sobreviventes —como o iG e o BrFree— até se gabam de já operar no azul.

Dados de um recente estudo do Ibope indicam um empate técnico em relação ao tipo de provedor à web preferido pelos brasileiros. Entre os entrevistados, 37% utilizam apenas provedores pagos e 35% optam somente pelos gratuitos.

Os números mostram que o acesso grátis caiu no gosto do usuário e desmistificam a idéia de que o provedor gratuito era apenas a segunda opção, usado só no caso de uma queda na conexão com assinatura.

"Estão mostrando que é viável, alguns chegaram ao equilíbrio financeiro e continuam oferecendo acesso grátis. Ao contrário do que muitos analistas diziam no passado, eles estão resistindo bem", disse o analista do Ibope eRatings.com, Alexandre Magalhães.

A oferta de internet sem custo no país, iniciada entre o final de 1999 e começo de 2000, é considerada uma das responsáveis pela ampliação no número de internautas no Brasil, atualmente estimado entre 19 milhões e 20 milhões.

Porém, audaciosos planos de negócios —que motivaram investimentos milionários— não se confirmaram. Foram muitas turbulências no setor, muitos provedores faliram e outros simplesmente descontinuaram o negócio.

O Super11.Net, que tinha o Grupo Safra entre os acionistas, fechou as portas meses após iniciar atividades —e chegou a anunciar investimentos de R$ 14 milhões. O UOL encerrou a NetGratuita, e a Terra Lycos acabou com o Terra Livre.

A parceria entre empresas de acesso grátis e operadoras de telefonia foi a alternativa encontrada para a sobrevivência neste ramo. O iG tem contrato com a Telemar e a BRFree com a Intelig. O interesse? Quanto mais internautas conectados, mais pulsos telefônicos são gastos e mais alta é a conta de telefone no fim do mês.

"Os portais estão percebendo que ainda dá para ganhar dinheiro nesse mercado fazendo parcerias com telecomunicações", disse Magalhães. "Como a internet tem muito a crescer no Brasil, ainda há oportunidades."

Questão de custo
Para os provedores iG e BRFree, dois dos mais antigos no setor, o segredo para fechar a conta está mais no controle de despesas e menos no faturamento obtido. "Nosso diferencial não é a busca de grandes receitas, mas um custo operacional muito baixo", afirmou o diretor da BRFree, Leonardo Malta Leonel.

A BRFree, controlada pelos antigos donos da rede de supermercados Mineirão —vendida para o grupo Carrefour—, tem cerca de 850 mil usuários cadastrados. O iG, maior da internet grátis no país, tem 8,3 milhões, de acordo com o presidente da empresa, Roberto Simões.

Ambos afirmam estar operando no azul desde maio do ano passado. O iG não divulga seus números, mas o BRFree informa que teve lucro de US$ 400 mil em 2001, de acordo com Malta Leonel. Pode ser pouco, mas é muito quando comparado aos prejuízos dos maiores provedores pagos. O custo mensal da operação do BRFree é de US$ 100 mil.

Conceito de franquia
Recentemente, a Brasil Telecom entrou nesse mercado, criando um modelo de negócio baseado em franquias. Em dezembro passado, a operadora de telefonia fixa lançou seu provedor gratuito próprio, o iBest, e de lá para cá vem fechando contratos com diversos sites e portais para a oferta do serviço.

Yahoo!, Agência Estado, Grupo Santander Banespa, Cidade Internet —da gigante de mídia argentina Clarín— e até sites de clubes de futebol estão oferecendo conexão gratuita à web pela parceria com a Brasil Telecom e o iBest.

"É um novo e importante campo, o setor de telecom caminha cada vez mais para convergência de serviços. Mas vai ser um negócio marginal pelos próximos anos, pois o tráfego de voz continuará sendo o mais importante", avalia a analista de telecomunicações do BES Securities, Carolina Gava.

Do grátis ao pago
Na avaliação de analistas, o acesso gratuito é uma forma de fidelizar a base de clientes e depois começar a cobrar.

"Não estamos com foco direto na receita com a oferta de acesso grátis à internet, mas trazer o usuário para outros serviços pagos", disse recentemente o diretor-geral do Yahoo! Brasil, Bruno Fiorentini.

Os passos dos provedores gratuitos brasileiros são similares aos da Freeserve, primeira empresa do mundo a oferecer conexão à web sem assinatura. Criada em setembro de 1998, a empresa britânica continua a divulgar seu serviço original, mas dá ênfase cada vez maior aos produtos pagos.

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