Reuters
31/05/2002 - 20h00

Pastrana suspende negociações de paz com o ELN

da Reuters, em Bogotá

O presidente da Colômbia, Andrés Pastrana, que deixará o cargo em 7 de agosto, rompeu hoje as negociações com o ELN (Exército de Libertação Nacional, segunda maior guerrilha de esquerda do país), encerrando o curto capítulo de esperança na história do país iniciado com a plataforma de paz que o elegeu há quatro anos.

"Fizemos tudo o que foi possível. Fizemos tudo o que pudemos", disse Pastrana em discurso a militares em Bogotá.

"Um processo de paz sem resultados e sem a vontade de um dos lados...não é viável. Por esta razão, tomei a decisão de suspender o processo de paz para que o próximo presidente possa começar de novo, caso considere apropriado", afirmou.

O presidente colombiano também argumentou falta de compromisso da outra parte ao encerrar o processo de paz com as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), maior grupo guerrilheiro do país, com 17.000 homens.

Analistas achavam que a melhor chance que o governo colombiano tinha de fazer um acordo de paz era com o ELN, de inspiração cubana. O grupo, com 5.000 homens, foi duramente enfraquecido por incursões de paramilitares nos últimos quatro anos.

Pastrana negociou com o ELN em Havana durante meses. Em março, o grupo propôs uma trégua de seis meses. O acordo foi parcialmente complicado pelas exigências dos rebeldes de receber compensações do governo pela suspensão de seu lucrativo negócio de sequestros.

Pastrana passará o bastão para Alvaro Uribe, eleito com ampla maioria no domingo com sua plataforma de linha-dura contra os rebeldes.

Os Estados Unidos, que classificam os guerrilheiros de terroristas traficantes de drogas, saudaram a eleição de Uribe. O secretário-assistente de Estado, Otto Reich, reuniu-se a portas fechadas na sexta-feira com Uribe em Bogotá.

Uribe já afirmou que não negociará com rebeldes, nem com paramilitares, até que os grupos concordem com um cessar-fogo. Ele deseja mediação da ONU (Organização das Nações Unidas).

O presidente eleito também prometeu aumentar em um terço os gastos militares -para mais de US$ 4 bilhões- e dobrar o número de policiais e soldados na luta contra os rebeldes.

Ele também espera mais ajuda de Washington, que já colocou mais de US$ 1 bilhão em apoio militar à Colômbia para o combate ao narcotráfico.

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