Reuters
03/06/2002 - 12h14

Presidente do Paquistão diz querer conversar com líder indiano

da Reuters, em Almaty (Cazaquistão)

O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, propôs hoje a realização, sem condições prévias, de um encontro com o primeiro-ministro da Índia, Atal Behari Vajpayee, para colocar fim ao tenso impasse militar entre as duas potências nucleares.

Musharraf também recebeu com satisfação os esforços do presidente russo, Vladimir Putin, que deve se reunir com os líderes paquistanês e indiano amanhã, na qualidade de mediador.

Mas Vajpayee, exigindo o fim dos ataques realizados por separatistas islâmicos vindos supostamente do Paquistão, descartou por enquanto a possibilidadade da realização de um encontro cara a cara em meio à cúpula asiática de segurança realizada em Almaty, Cazaquistão.

O Paquistão e a Índia mobilizaram cerca de 1 milhão de soldados ao longo de sua fronteira comum depois de dezembro, quando separatistas contrários à existência da Caxemira indiana e supostamente vindos do território paquistanês atacaram o Parlamento indiano.



O nível da tensão voltou a subir quando ativistas investiram contra uma base militar indiana na Caxemira no dia 14 de maio, matando mais de 30 pessoas.

O presidente paquistanês afirmou ter proposto por diversas vezes um encontro com Vajpayee, mas sem sucesso. Questionado na hoje sobre suas condições para conversar com o premiê indiano, Musharraf respondeu:
"Não tenho condições. É incondicional. Você precisa perguntar isso para o primeiro-ministro Vajpayee."

China-Rússia
O presidente russo espera reunir os dois líderes para colocar fim à crise que poderia, segundo temores da comunidade internacional, desembocar em uma guerra nuclear.

Musharraf mostrou-se bastante otimista com o papel desempenhado por Putin. "Claro que me encontrarei com ele (Putin). Sou um privilegiado por ser convidado para encontrar-me com ele. Gostaria de contribuir o máximo possível com os esforços para reduzir as tensões."

O presidente chinês, Jiang Zemin, também planeja reunir-se com os líderes paquistanês e indiano em separado.

As recentes manobras da Rússia e da China são parte dos esforços diplomáticos internacionais para reduzir o nível de tensão na região.
Os dois países disputam o poder do território da Caxemira. Atualmente, dois terços do território estão sob domínio indiano e o restante sob controle do Paquistão e da China. Das três guerras travadas desde a independência (1947), duas delas foram por causa da Caxemira.

A situação entre Índia e Paquistão voltou a ficar tensa depois de um atentado ocorrido no dia 13 de dezembro, quando homens armados com rifles e granadas invadiram o Parlamento da Índia, em Nova Déli. O incidente deixou 14 mortos, entre eles os cinco terroristas. Nova Déli responsabilizou as guerrilhas islâmicas do Paquistão e preparou uma resistência militar na fronteira com o território paquistanês, pedindo a Islamabad que acabe com os militantes islâmicos.

No dia 14 de maio, supostos rebeldes muçulmanos contrários ao governo da Índia na Caxemira invadiram um campo militar e mataram mais de 30 pessoas, entre elas familiares de soldados.

O governo militar do Paquistão também disse que não permitiria que a sua parte da Caxemira fosse usada para atividades terroristas.

A Índia, que controla 45% da Caxemira, a considera parte integral de seu território. O Paquistão, que controla um terço, defende que um plebiscito determine a vontade do povo da Caxemira. O restante do território pertence à China.

Leia mais no especial Conflito Índia-Paquistão


 

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