Crise no Vale do Silício afeta entidades filantrópicas
da Reuters, em São José (EUA)Não são apenas as empresas de tecnologia do Vale do Silício que sofrem com a crise do setor de internet e telecomunicações. As entidades filantrópicas da região —que prestam serviços desde apoio aos desempregados a projetos de saúde mental— tiveram cortes significativos em seus orçamentos.
"Esses são os maiores cortes que eu já vi", afirmou Patricia Gardner, vice-presidente do Conselho de Entidades Sem Fins Lucrativos do Vale do Silício.
O condado de Santa Clara —onde fica a cidade de Palo Alto, a Universidade de Stanford e o centro de tecnologia de São José— poderá ter uma redução de até US$ 50 milhões nos fundos das entidades filantrópicas, segundo Jane Decker, membro do conselho executivo do condado.
Decker e outros diretores dizem que os cortes nos projetos de saúde podem sobrecarregar as instituições governamentais. "Somos o último recurso para muitas pessoas", afirmou Decker.
Na época de euforia do mercado pontocom, as entidades filantrópicas foram inundadas de recursos vindos de doações de empresas, particulares e do governo.
Mas essa realidade está agora completamente transformada. A queda vertiginosa das ações das empresas de tecnologia do Vale do Silício se refletiu nos fundos das entidades.
Os ataques aéreos de 11 de setembro do ano passado também prejudicaram, já que muitas doações foram redirecionadas para Nova York. Para piorar, a economia norte-americana desacelerou depois de anos de crescimento acelerado.
"A pressão para balancearmos nossos recursos afetará os programas criados para ajudar os mais pobres, os idosos e os portadores de deficiência física", afirmou Jean Ross, diretora-executiva do California Budget Project, um grupo de políticas filantrópicas de Sacramento.
"Em tempos de dificuldades econômicas, esses programas assistenciais serão exigidos a fazer bem mais com bem menos recursos", afirmou Ross.
Apesar da crise, algumas empresas de tecnologia não só mantiveram como aumentaram suas doações. Como é o caso do site de leilões eBay, que, através de seu ex-presidente Jeff Skoll, doou um adicional de US$ 20 milhões para a Community Foundation Silicon Valley.
Bruce Chizen, presidente da empresa de software Adobe Systems, disse que recentemente sua empresa estabeleceu um valor mínimo de doações, independentemente dos resultados financeiros da companhia.
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