Reuters
04/06/2002 - 09h50

Líderes de Índia e Paquistão se encontram, mas não cedem

da Reuters, em Almaty (Cazaquistão)

Os líderes da Índia e do Paquistão se encontraram frente a frente hoje pela primeira vez em cinco meses, mas não fizeram nenhuma concessão a respeito da Caxemira, a região disputada que mantém as duas potências nucleares em pé de guerra.

O primeiro-ministro indiano, Atal Behari Vajpayee, disse que seu país está pronto para negociar, mas insistiu que para isso é preciso que os separatistas muçulmanos da Caxemira parem de se infiltrar em seu país.

Antes, o presidente paquistanês, Pervez Musharraf, havia prometido buscar uma solução. "Não queremos a guerra, não vamos iniciar uma guerra. Mas se a guerra nos for imposta, vamos nos defender com a maior resolução e determinação", afirmou ele em seu discurso numa reunião de cúpula da Ásia que acontece em Almaty, Cazaquistão.

A tensão entre os dois países cresceu a partir de dezembro, quando um grupo armado invadiu o Parlamento indiano, em Nova Déli, e provocou um massacre. A Índia acusa o Paquistão de treinar e armar os militantes da Caxemira. Musharraf admite apenas apoio diplomático à causa separatista, mas ainda assim promete persegui-los.

Desde então, os dois países travam frequentes combates na fronteira, apesar dos esforços diplomáticos mundiais para evitar uma guerra. A Rússia e a China planejam manter conversas separadas com os líderes da Índia e do Paquistão ainda hoje. A Rússia é um tradicional aliado da Índia, enquanto os chineses mantêm melhores relações com o Paquistão.

Putin disse que a tensão está desestabilizando todo o sul da Ásia, uma região com oleodutos e gasodutos estratégicos para os russos.



Também os Estados Unidos tentam evitar uma guerra. O secretário de Defesa norte-americano, Donald Rumsfeld, deve viajar à região nos próximos dias. Para os norte-americanos, uma guerra entre Índia e Paquistão pode prejudicar os esforços militares para capturar guerrilheiros da Al Qaeda espalhados entre Afeganistão e Paquistão.

Em Barbados, o secretário de Estado norte-americano, Colin Powell, se disse aliviado com o fato de ambos os países reconhecerem o risco de uma guerra nuclear. "Seria absolutamente horrível que, em pleno 2002, alguma nação usasse armas atômicas", disse.

Poucas mudanças
Ainda não se sabe se Musharraf e Vajpayee vão se reunir durante a cúpula. No Nepal, em janeiro, eles se limitaram a um frio aperto de mãos e algumas poucas palavras.

Nos discursos de abertura da cúpula de Almaty, os dois líderes mantiveram suas posições habituais. Musharraf disse que o terrorismo é o maior inimigo da paz na Ásia e que não vai permitir que seu território seja usado para isso. "Da mesma maneira", prosseguiu, "não podemos aprovar por nenhum motivo as políticas predadoras de certos Estados que ocupam à força certos territórios ou negam a liberdade para povos durante décadas, com total desdém pelas decisões das Nações Unidas".

A Índia viu poucas mudanças na posição paquistanesa. "Parece que o Paquistão está viajando pela mesma estrada esburacada", disse Nirupama Rao, porta-voz da chancelaria.

A Índia tem entre 100 e 150 ogivas nucleares, contra 25 a 50 do Paquistão. No mês passado, os paquistaneses testaram mísseis capazes de levar armas atômicas.

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