Reuters
04/06/2002 - 19h57

Pesquisas científicas são divulgadas antes da hora

da Reuters, em Chicago

Alguns estudos científicos são publicados antes do que deveriam e muitas vezes são decepcionantes ou equivocados, afirmaram hoje pesquisadores.

Notícias que fazem alarde com estudos ainda em fases preliminares podem causar dor de cabeça em médicos e representar perigo a pacientes que exigem terapias não comprovadas ou não disponíveis.

"A atual cobertura de imprensa dos achados científicos pode ser caracterizada como 'muita coisa, muito rápido'", disse Lisa Schwartz, de um centro médico de Vermont, em artigo no informativo da Associação Médica Americana.

Ela pesquisou as apresentações de 147 investigações científicas em cinco grandes encontros do setor em 1998. Mais de um quarto gerou notícias de primeira página em pelo menos um grande jornal.

"Com frequência as apresentações representam um trabalho em progresso. Infelizmente, muitos projetos não sobrevivem às primeiras promessas; em alguns casos, aparecem falhas fatais", escreveu Schwartz.

"A cobertura da imprensa nestes primeiros estágios pode levar ao público a falsa impressão de que os dados na verdade estão maduros, os métodos estão válidos e os achados, aceitos em grande escala. Como consequência, os pacientes podem experimentar esperança indevida ou ansiedade, ou procurar tratamentos e testes inúteis, ou até mesmo perigosos", escreveu a pesquisadora.

Mais de um terço das 147 apresentações envolviam poucos assuntos humanos ou tinham base em estudos com animais ou de laboratório.

Três anos depois, somente metade das pesquisas que geraram cobertura da imprensa terminou sendo publicada em um dos principais jornais médicos. Um quarto ganhou menos destaque nos informativos médicos e outro quarto nem chegou a ser publicada.

Schwartz conclama pesquisadores e repórteres a enfatizar as limitações e a natureza preliminar de alguns estudos, muitas vezes apresentados somente para serem divulgados.

Os jornais médicos às vezes erram ao emitir comunicados à imprensa sobre estudos sem explicar suas desvantagens, disse Schwartz e Steven Woloshin, co-autor da pesquisa, em artigo no "Jama" (a href="http://jama.ama-assn.org/" target="_blank">jama.ama-assn.org).

O documento diz ainda que o exagero da importância de algumas notícias por repórteres mal orientados, a falta de divulgação das desvantagens dos estudos e o financiamento da indústria podem ter influenciado os resultados.
 

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