Reuters
05/06/2002 - 13h10

Cientistas descobrem gene ligado ao câncer de testículos

da Reuters, em Washington

Um gene superativo que tem sido associado ao câncer de testículos poderia ser monitorado em homens com o risco de desenvolver a doença e ainda ser reprogramado para impedir o crescimento de tumores, disseram pesquisadores.

Cientistas da Universidade de Duke verificaram que o gene chamado hiwi era até 16 vezes mais ativo em homens com câncer de testículos do que em pacientes saudáveis. O estudo está publicado na edição de junho da revista Oncogene.

A descoberta do gene, o primeiro diretamente associado a esse tipo de câncer, permitiria aos pesquisadores observar a doença e reprogramar geneticamente as células que se comportam mal, impedindo o crescimento de um tumor canceroso.

"Ainda temos um longo caminho pela frente antes de entendermos completamente a principal causa desse tipo de câncer", disse Haifan Lin, chefe da pesquisa. "Mas há também o potencial de aplicações terapêuticas a longo prazo, nas quais, tomara, alguns tipos de câncer possam ser curados ao reduzir a atividade desse gene", acrescentou.

A Sociedade Americana de Câncer estima que mais de 7.500 homens serão diagnosticados no país com câncer de testículos e outros 400 vão morrer em decorrência da enfermidade neste ano. O câncer testicular é a forma mais comum de tumores em homens brancos na faixa etária dos 15 aos 45 anos.

Segundo a Sociedade, 95% dos que desenvolvem a doença vão viver mais de cinco anos, índice superior aos 79% de meados da década de 1970.

Lin e sua equipe estudaram amostras de 35 pacientes com câncer de testículos. Em uma forma do câncer, os pesquisadores observaram que 12 de 19 pacientes, ou 63% do grupo, tinham quantidades elevadas e incomuns do gene hiwi. Muitos outros genes têm sido ligados aos câncer de testículos, mas apenas com níveis de 10% ou menos, disse Lin.

Os tumores testiculares ocorrem nas células-tronco reprodutivas, nas quais os níveis do gene hiwi são altos. As células continuam se dividindo rapidamente, provocando uma forma de câncer conhecida como seminoma.

Uma segunda versão é chamada não-seminoma, um tipo mais agressivo que pode chegar depressa aos linfonodos, mas não expressa níveis anormais do gene.

Pesquisas anteriores conduzidas pela equipe de Lin se concentraram amplamente na descoberta de um mecanismo genético similar em moscas-da-fruta. O mesmo tipo de gene também foi encontrado em camundongos.

Em todos os casos, variando de insetos aos humanos, uma forma superativa do gene foi ligada a maiores taxas de câncer nos órgãos reprodutivos.

"Essa é a primeira vez que realmente temos evidências de que essa família de genes têm um papel bastante importante no desenvolvimento humano das células-tronco reprodutivas", ressaltou o chefe do estudo.
 

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