Reuters
06/06/2002 - 15h37

Rebeldes do Paquistão continuam a cruzar fronteira com Índia

da Reuters, em Srinagar (Índia)

Um grupo rebelde pró-Paquistão da Caxemira disse que continuará a cruzar a linha militar de controle que divide a disputada região do Himalaia entre a Índia e o Paquistão.

O comunicado de Jamiat-ul-Mujahideen foi feito no momento em que os rivais nucleares, Índia e Paquistão, estão presos num impasse militar sobre as exigências de Nova Déli para que o governo de Islamabad suspenda a infiltração de militantes baseados no Paquistão que lutam contra a dominação indiana na Caxemira.

"Não vemos uma linha militar, esta é uma linha sangrenta e de mau agouro. Nós estamos pisando nesta linha nos últimos 13 anos e vamos continuar a pisá-la enquanto vivermos", disse o documento.

Os 740 quilômetros da Linha de Controle, ou linha de cessar-fogo, divide a disputada região de Caxemira, no Himalaia, entre a Índia e o Paquistão.

A Índia diz que o Paquistão deveria parar a infiltração militar pela Linha de Controle para neutralizar o perigoso impasse militar. Islamabad afirma que não há infiltração.

O premiê indiano, Atal Behari Vajpayee, disse ontem que a Índia estava pronta para unir-se ao patrulhamento na linha de cessar-fogo para checar a infiltração de militantes islâmicos, mas a proposta foi rejeitada pelo Paquistão.

O Jamiat, que luta para que a Caxemira seja governada pelo Paquistão e que foi banido segundo uma nova lei indiana antiterror em abril, também rejeitou a proposta.

"Não aceitaremos nenhuma patrulha conjunta da Índia e do Paquistão, continuaremos a alimentar nosso movimento [para a liberdade da região] com nosso sangue", afirmou o documento.



Conflito
Os dois países disputam o poder do território da Caxemira. Atualmente, dois terços do território estão sob domínio indiano (45%) e o restante sob controle do Paquistão e da China. Das três guerras travadas desde a independência (1947), duas delas foram por causa da Caxemira.

A situação entre Índia e Paquistão voltou a ficar tensa depois de um atentado ocorrido no dia 13 de dezembro, quando homens armados com rifles e granadas invadiram o Parlamento da Índia, em Nova Déli. O incidente deixou 14 mortos, entre eles os cinco terroristas. Nova Déli responsabilizou as guerrilhas islâmicas do Paquistão e preparou uma resistência militar na fronteira com o território paquistanês, pedindo a Islamabad que acabe com os militantes islâmicos.

No dia 14 de maio, supostos rebeldes muçulmanos contrários ao governo da Índia na Caxemira invadiram um campo militar e mataram mais de 30 pessoas, entre elas familiares de soldados.

O governo militar do Paquistão também disse que não permitiria que a sua parte da Caxemira fosse usada para atividades terroristas.

Autoridades dizem que mais de 33 mil pessoas foram mortas em mais de uma década de violência separatista na região. Segundo os separatistas, a cifra sobe para 80 mil.

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