Reuters
11/06/2002 - 15h58

Após renúncia, bispo dos EUA nega acusações de abuso sexual

Reuters, em Lexington

O bispo de Lexington (EUA) disse que sua renúncia não significa a confissão dos abusos sexuais dos quais é acusado, e sim uma tentativa de melhorar a imagem da Igreja Católica nos Estados Unidos

O Vaticano aceitou hoje a renúncia de James Kendrick Williams, 65, o terceiro prelado dos Estados Unidos atingido por escândalos sexuais em três meses. O anúncio foi feito dois dias antes de uma reunião de bispos marcada para o Texas, a fim de discutir o caso.

"Durante dias agonizantes e noites de insônia, pensei sobre os meus 39 anos de clero e do privilégio que repousava sobre mim", disse William. "Reconheço minhas limitações, mas acredito que fui um bom padre e bispo. Isso torna ainda mais dolorosas as acusações."

Williams prosseguiu dizendo que não deseja que a renúncia dê credibilidade às acusações. "Ofereci minha renúncia ao papa por achar que com ela a diocese pode se livrar da nuvem que paira sobre ela e sobre mim neste momento", afirmou.

No mês passado, um homem de Louisville, de 33 anos, entrou com uma ação judicial em que acusa Williams de ter abusado dele quando era coroinha, em 1981.

Desde meados de abril, a diocese de Louisville já sofreu 87 ações judiciais de homens e mulheres que dizem ter sofrido abusos de religiosos. Esse é uma parte da confusão jurídica que envolve muitas dioceses em todo o país.

Williams disse que não se lembra do homem que o acusa e rejeita as acusações veementemente. Ele se tornou bispo de Lexington quando a diocese foi formada, há 14 anos, e disse que daria a vida por ela. "Sinto que meu laço (com a diocese) cresceu mesmo em momentos de dor e decepção". O bispo estava de licença desde o início do processo.

Ele é o terceiro bispo norte-americano a renunciar por causa da atual onda de escândalos. Anthony O'Conell, de Palm Beach (Flórida), deixou seu cargo em março, por causa de supostos abusos cometidos há mais de 25 anos contra um adolescente. Em maio, Rembert Weakland, arcebispo de Milwaukee, deixou o cargo por causa da revelação de pagou US$ 450 mil pelo silêncio de um homem que pretendia denunciar um estupro.

Esses casos mergulharam a igreja norte-americana na maior crise de sua história, que será o centro da reunião do Texas. O clero já decidiu expulsar padres que a partir de agora abusem de crianças. Os que cometeram o erro no passado e se arrependeram podem ser perdoados.
 

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