Reuters
12/06/2002 - 19h22

Bispos sofrem pressão para expulsar padres pedófilos

da Reuters, em Dallas

A pressão sobre os bispos da Igreja Católica dos Estados Unidos para que apliquem a política de tolerância zero nos casos de pedofilia aumentou hoje, com a divulgação de uma pesquisa em que 90% dos entrevistados afirmam que a instituição deveria afastar padres envolvidos em escândalos sexuais com menores.

A pesquisa do jornal "The Dallas Morning News", feita durante três meses, também mostrou que pelo menos 111 das 178 maiores dioceses católicas dos EUA são lideradas por homens que protegeram padres ou outros funcionários da Igreja acusados de abusos sexuais.

O envolvimento dos 111 bispos se deu de diversas formas. Eles ignoraram acusações contra padres e chegaram a manter clérigos no cargos após admissão de má conduta, diagnóstico de desordens sexuais, iniciativas jurídicas e mesmo condenações criminais, disse o jornal.

O reverendo Francis Maniscalco, porta-voz da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, disse ao jornal que não ficou surpreso com os resultados.

"Os bispos tomaram o que pensavam ser as decisões prudentes naqueles momentos. As decisões foram tomadas com as melhores intenções possíveis", disse ele ao jornal.

Os bispos dos Estados Unidos iniciam amanhã um encontro em Dallas para resolver a crise causada pelos escândalos sexuais. Na semana passada, bispos anunciaram um plano para expulsar os padres envolvidos em pedofilia a partir de agora, mas os acusados em apenas um caso no passado poderiam ficar sob certas condições.

O cardeal Roger Mahony, de Los Angeles, maior arquidiocese dos Estados Unidos, disse na semana passada que defenderá a política de tolerância zero.

"Para restaurar a confiança em toda a Igreja, simplesmente não podemos ter ninguém no ministério que tenha abusado de uma criança alguma vez", disse o porta-voz da arquidiocese de Los Angeles, Todd Tamberg.

De acordo com outra pesquisa, cerca de dois terços dos bispos mantiveram nos cargos padres acusados de abusos sexuais.

No mês de abril, o papa João Paulo 2º disse para os líderes da Igreja Católica dos Estados Unidos que o abuso sexual de menores é crime e pecado. Mas, no mesmo comunicado, afirmou que seria errado abandonar todas as esperanças de recuperação dos acusados.

O grupo Rede de Sobreviventes dos Abusados por Padres (da sigla em inglês SNAP) se encontrará com bispos em Dallas para defender a remoção de todos os envolvidos em escândalos sexuais e dos líderes eclesiásticos que não atuaram para evitar novos casos.

"As sugestões atuais da Igreja são fundamentalmente e fatalmente equivocadas", disse Barbara Blaine, presidente do SNAP.

O escândalo sexual começou em janeiro na arquidiocese de Boston, que manteve padres pedófilos no serviço. Desde então, quatro bispos renunciaram devido a acusações de abusos sexuais e cerca de 250 padres deixaram seus cargos.

O escândalo também provocou renúncias de bispos na Europa, África, Canadá e Austrália.

Leia mais no especial João Paulo 2º

 

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