Reuters
17/06/2002 - 18h52

Esquenta a especulação sobre substituto de Greenspan no FED

CAREN BOHAN
da Reuters, em Washington

A administração George W. Bush recebeu elogios por escolher dois excelentes economistas para preencher vagas no Conselho do Federal Reserve (banco central norte-americano), mas a mais difícil decisão pode estar em um futuro não tão distante: encontrar um substituto para Alan Greenspan, do presidente da instituição.

Enquanto aqueles que conhecem o chairman do Fed, que tem 76 anos, dizem que ele está com boa saúde e ainda aprecia o trabalho de liderar o banco central mais poderoso do mundo, analistas vêem uma chance de que ele possa sair em 2003, deixando o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, com a importante tarefa de escolher um substituto.

Esta não é necessariamente uma incumbência que a administração Bush está ansiosa para receber.

"Eu acho que a Casa Branca adoraria ver Greenspan ficar até o fim de 2004'', disse Greg Valliere, diretor-gerente do Schwab Washington Research. "Seria um fator positivo para o mercado e um fator positivo para a tentativa de reeleição de Bush.''

Bush anunciou em maio que nomearia Ben Bernanke, economista monetário altamente respeitado da Universidade de Princeton, e Donald Kohn, funcionário do Fed e um dos homens em quem Greenspan mais confia, para preencher as vagas do conselho do Fed. Os dois economistas, cujos nomes ainda precisam da confirmação do Senado, foram vistos como um reforço no banco central norte-americano, em preparação para a inevitável saída de Greenspan.

A Casa Branca tem a palavra final sobre o nome do próximo chairman do Fed, mas não poderá opinar muito quanto à data de saída de Greenspan. Após 15 anos no cargo, Greenspan possui um status tão elevado que deve ter ampla liberdade para escolher o que quer fazer -e quando. E existem muitas opções.

Greenspan está praticamente no último dos quatro anos de mandato --que acaba no dia 20 de junho de 2004- na direção do Fed. Dada sua idade, esta pode ser uma época natural para ele deixar o cargo.

Mas com as eleições presidenciais de novembro de 2004 se aproximando, o debate sobre a presidência do Fed pode ganhar caráter político.

Se Greenspan quiser evitar esse panorama -e observadores acreditam que ele irá fazê-lo- pode optar por se aposentar em 2003, dando à administração Bush cerca de um ano para escolher um sucessor e para que o Senado confirme essa escolha.

Outra alternativa é que Greenspan tente uma nova nomeação para um quinto mandato, possivelmente com o acordo de que ele saia em 2005 ou 2006.

Ficando até 2006, quando faria 80 anos, Greenspan pode ultrapassar o recorde de William McChesney Martin, que liderou o banco central do país por quase 19 anos, de abril de 1951 a janeiro de 1970, e se tornar o chairman que serviu por mais tempo no Fed.

Alguns especialistas, entretanto, disseram que bater esse recorde pode não estar entre as prioridades de Greenspan.

Não existe um substituto evidente para Greenspan, apesar de muitos nomes constantemente aparecerem entre os rumores.

Esses nomes incluem o subsecretário do Tesouro dos Estados Unidos, John Taylor; o conselheiro econômico da Casa Branca Lawrence Lindsey; o economista da Casa Branca Glenn Hubbard; e o vice-chairman do Fed, Roger Ferguson.

Mas quem quer que seja o escolhido, a alta reputação de Greenspan pode resultar em um período de transição difícil, especialmente em Wall Street. ''Sua perda será significativa. Existe a possibilidade de que passemos por tempos difíceis nos mercados'', disse Kevin Hassett, do American Enterprise Institute.

Ironicamente, as dificuldades que a economia dos Estados Unidos enfrenta agora -dólar em queda, mercados acionários oscilantes e perspectivas incertas para a recuperação econômica do país- fazem com que muitos analistas se sintam mais confiantes de que a saída de Greenspan não seja iminente.

''Eu acho que Greenspan vai querer ficar até que as coisas pareçam estar em uma posição um pouco mais firme'', disse Valliere.

O economista Sung Won Sohn, do Wells Fargo Bank, acha que apesar de toda a especulação sobre o futuro de Greenspan há muita relutância em falar sobre isso nos círculos oficiais devido à veneração das pessoas ao chairman do Fed.

Colaborou Glenn Somerville.
 

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