Reuters
19/06/2002 - 19h04

"Piscadela" estelar pode revelar segredo da formação planetária

da Reuters, em Washington

Uma jovem estrela parecida com Sol "piscou" para astrônomos, indicando um possível eclipse causado por poeira e rochas cósmicas, informaram hoje cientistas norte-americanos.

"Acho que isso nos dá uma nova pista sobre a formação dos planetas e um monte de astrônomos tentará explorar a estrela nos próximos anos", disse Steve Maran, astrônomo da Nasa (agência espacial dos Estados Unidos). "Finalmente estamos vendo o sistema de formação planetária em ação."

"Acho que este objeto pode virar algo como a pedra de Roseta para decifrar alguns mistérios da formação dos planetas", disse Alan Bosso, do Instituto Carnegie (Washington), fazendo uma referência à peça que ajudou os arqueólogos a decifrarem a escrita egípcia.

A estrela, localizada na constelação Unicórnio, a cerca de 2.400 anos-luz da Terra, desapareceu de vista por períodos regulares de aproximadamente 48 dias nos últimos seis anos.

O desaparecimento sugere um eclipse, mas não um eclipse típico causado por um planeta, estrela ou lua. Somente um conjunto de objetos menores, como poeira e rochas, poderia ter causado o longo eclipse que os astrônomos viram.

Conhecida como KH 15D, a estrela tem apenas 3 milhões de anos - idade considerada ideal para o estudo da formação dos planetas do Sistema Solar.

"Monitoramos milhares dessas estrelas durante anos e esta é a única que se comporta assim", disse William Herbst, astrônomo da Universidade Wesleyan, de Connecticut. "Essencialmente, a estrela pisca para nós", explicou durante encontro no Instituto Carnegie.

Segundo Hebst, a poeira que causou a "piscadela" é diferente da fina poeira interestelar distribuída pelo Universo. Suas partículas são maiores, indicando que pode ser o que os astrônomos chamam de disco protoplanetário - o material do qual os planetas podem ser formados.

"Há uma massa esculpindo de alguma maneira as nuvens obscuras, de modo que produza estes anéis de material que circundam a estrela e podem estar bloqueando o objeto alternadamente? Achamos que é muito possível", afirmou o astrônomo.

Catrina Hamilton, colega de Herbst, disse que ainda não há confirmação exata sobre o tipo de disco formado ao redor da estrela. O disco está muito perto da estrela, mais perto do que o planeta Mercúrio está do Sol.

"A estrela é como o Sol quando tinha 3 milhões de anos, então o processo que está ocorrendo na região de seu círculo interno pode ser análogo ao que ocorria durante a formação da Terra", disse Herbst.

O Sistema Solar tem cerca de 4,5 bilhões de anos, mas os astrônomos acreditam que os planetas podem ter começado a se formar quando o Sol tinha apenas alguns milhões de anos.

A descoberta do eclipse foi feita com um telescópio relativamente pequeno, de 61 centímetros. A pesquisa foi realizada por uma equipe internacional com astrônomos do Uzbequistão, Israel, Alemanha e de diversas instituições dos Estados Unidos.
 

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