Reuters
21/06/2002 - 13h55

Líderes europeus rejeitam sanções a países de imigrantes

da Reuters, em Sevillha

A União Européia rejeitou hoje a polêmica proposta de cortar a ajuda a países pobres que não consigam evitar que seus cidadãos emigrem para as 15 nações do bloco.

Mas, alarmados pelo avanço de políticos populistas contrários à imigração, os chefes de governo reunidos em Sevilha (Espanha) aceitaram reforçar seus controles de fronteiras e pressionar outros países a cooperarem.

Diplomatas disseram que o chanceler alemão Gerhard Schröder, social-democrata que disputa a reeleição em setembro, foi o mais enfático na defesa das punições financeiras aos países que não cooperarem. Reino Unido e Espanha também chegaram à reunião dispostos a defender as sanções, mas recuaram diante da firme oposição da França e da Suécia.

"Não haverá nada sobre sanções", anunciou o premiê sueco, Goran Persson, aos jornalistas, a respeito da declaração final que será adotada no sábado. Segundo ele, a redução da ajuda internacional seria inútil para conter a imigração e prejudicaria a credibilidade da União Européia.

O chanceler espanhol, Josep Piqué, defendeu as punições. "Se um país infringe sistematicamente os acordos, ou seja, rompe as regras do jogo, a UE se reserva o direito de ver se deve haver consequências sobre esse comportamento."

O britânico Jack Straw preferiu ver o outro lado da moeda, falando em "condicionalidade positiva", ou seja, mais ajuda aos países que evitarem a imigração.

Grupos de direitos humanos se opõem a qualquer dessas medidas. "O melhor resultado dessa cúpula seria se eles não atingissem nenhum acordo", disse Rafael Lara, presidente da Associação dos Direitos Humanos da Andaluzia. "Essas políticas estão inspiradas na separação dos seres humanos, e isso se chama racismo", afirmou durante um fórum paralelo de ONGs.

Em 2000, a União Européia recebeu 680 mil imigrantes [número líquido], para uma população total de 375 milhões de pessoas. O número de candidatos a asilo vem caindo, segundo a ONU, de 675 mil há dez anos para 385 mil em 2001.

Mas as frequentes capturas de imigrantes clandestinos em barcos, aeroportos ou dentro de caminhões mostram que a imigração ilegal cresce no bloco. Em abril e maio, mais de 40 pessoas foram presas por tráfico humano, uma atividade que, segundo as autoridades, movimenta bilhões de dólares por ano.

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