Paramilitares da Colômbia prometem deixar o narcotráfico
da Reuters, em BogotáOs paramilitares de ultradireita que combatem as guerrilhas de esquerda da Colômbia prometeram hoje abandonar quase por completo o narcotráfico como meio de financiamento de suas atividades.
Em uma carta a Marta Lucía Ramírez, que será ministra da Defesa no governo do presidente eleito Álvaro Uribe, as Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) disseram que vão se limitar a cobrar um imposto sobre os plantadores de coca, mas que abandonarão a produção e a venda de drogas.
"Não é possível financiar uma guerra anti-subversiva só com dinheiro lícito em um país com recessão econômica. Entretanto, estabelecemos hoje nas AUC um acordo para reduzir as finanças provenientes do narcotráfico à cobrança exclusiva de um imposto aos 'cocaleros'", disse o texto dos paramilitares.
O grupo diz ainda que não será um obstáculo à luta do Estado contra o crime e que não se considera "um objetivo prioritário entre outras organizações verdadeiramente inimigas da Colômbia".
Analistas e militares acham que os paramilitares estão tentando se posicionar favoravelmente para uma eventual negociação de paz, melhorar sua imagem internacional e evitar choques com os militares.
Nas últimas semanas, as Forças Armadas fazem frequentes bombardeios contra essas milícias ilegais. Há poucos dias, 18 paramilitares foram mortos. Acusado durante a campanha de ter vinculação com eles, Uribe prometeu mão de ferro contra as milícias.
A carta à futura ministra está assinada pelos líderes Carlos Castaño e Salvatore Mancuso. Eles dizem que, a partir de agora, qualquer relação entre paramilitares e narcotraficantes deve ser considerada de responsabilidade pessoal dos envolvidos.
Em seu texto, os paramilitares também se comprometem a suspender seus ataques se a principal guerrilha do país, as Farc, fizer o mesmo. Além dessa, há outra guerrilha importante na Colômbia, o ELN. A guerra civil já dura quase 40 anos e só na última década matou 40 mil pessoas.
Tanto os paramilitares quanto as Farc são consideradas organizações terroristas pelos Estados Unidos e pela União Européia. Os três grupos que participam do conflito se alimentam com o dinheiro da cocaína, embora as Farc admitam apenas a cobrança de impostos de traficantes, não o envolvimento com a produção e venda.
Nem a futura ministra nem o presidente eleito se manifestaram sobre a promessa dos paramilitares.
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