Reuters
21/06/2002 - 20h17

Grupo de direitos humanos vê riscos à democracia da Venezuela

da Reuters, em Caracas

A democracia na Venezuela continua correndo riscos devido ao papel ativo das Forças Armadas na política do país dois meses após a breve rebelião militar que tirou do poder o presidente Hugo Chávez, disse hoje o grupo Human Rights Watch.

A entidade, que encerrou uma visita de cinco dias à Venezuela, disse ter detectado pouca harmonia entre simpatizantes e opositores de Chávez.

"Isso é uma democracia em risco. Não precisa ser um mágico ou alquimista para entender que quebrar a ordem constitucional é parecido com a lei da selva," disse, em entrevista coletiva, José Miguel Vivanco, diretor-executivo da divisão das Américas do Human Rights Watch.

Vivanco também criticou a participação de militares na vida política. "Estou me referindo a autoridades militares que têm funções políticas em sua natureza", disse.

O representante do Human Rights Watch disse temer mais reviravoltas políticas na Venezuela. "Estamos preocupados porque setores da oposição ainda não descartam alternativas para sair da crise, ainda sonham com alternativas fora da Constituição", afirmou.

Chávez, ex-páraquedista que liderou uma tentativa de golpe em 1992, enfrenta críticas por colocar militares em cargos importantes do governo, como na PDVSA, a estatal de petróleo.

O país ainda não encontrou uma linha de diálogo entre simpatizantes e opositores do governo e teme uma nova rebelião militar. Cerca de 60 pessoas morreram durante os protestos de rua ocorridos durante o golpe de abril, mas as investigações não chegaram a resultados concretos.

Militares de alto escalão afirmaram que ainda há grande descontentamento nas Forças Armadas. Ao reassumir o cargo, Chávez fez repetidos chamados pelo diálogo nacional, mas líderes da oposição duvidam de suas intenções de mudanças.

Chávez foi eleito democraticamente em 1998 e implementou um programa de reformas sociais para ajudar os pobres e acabar com a corrupção. Mas os opositores culpam estas políticas de esquerda, além da aproximação com países como Cuba, pela recessão no país.

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