Reuters
23/06/2002 - 12h57

Vítimas do apartheid processam IBM e bancos alemães

da Reuters, em Zurique (Suíça)

Os bancos alemães Dresdner e Deutsche e a empresa norte-americana de computadores IBM são os próximos alvos de uma ação judicial que está pedindo grandes somas em indenizações para vítimas do regime de apartheid na África do Sul, disse hoje um advogado ligado ao caso.

A família do ativista negro Steve Biko, assassinado em 1977 pelas forças de segurança sul-africanas, será a principal responsável pela nova ação, disse hoje o advogado Gugulethu Madlanga, em Johannesburgo.

"Temos instruções da família Bico para entrar com a ação contra os bancos", disse Madlanga, acrescentando que a família também estuda processar a companhia automobilística Ford Motors. "A ação contra os bancos e a IBM será impetrada provavelmente na próxima semana", afirmou Madlanga.

A nova ação dá eco ao processo que o polêmico advogado norte-americano Ed Fagan abriu, na semana passada, na Suíça e nos EUA, em nome de quatro vítimas do apartheid, contra três grandes bancos.

Fagan pede US$ 50 bilhões em indenização aos bancos suíços Credit Suisse Group e UBS AG e ao norte-americano Citigroup Inc.

As duas ações alegam que os bancos ajudaram a financiar o violento regime de apartheid e ganharam bilhões em empréstimos usados para aprofundar o isolamento político do país e bancar os crimes do governo contra a humanidade.

O regime de apartheid imposto pela minoria branca vigorou na África do Sul de 1948 a 1994. Os bancos suíços diziam, na época, que desaprovavam o apartheid, mas a neutralidade da Suíça e a recusa do país em aderir às sanções econômicas internacionais contra a África do Sul os impediam de adotar medidas unilaterais.

Os bancos suíços consideraram a ação de Fagan "absurda", e o governo disse que o processo é apenas "outro ataque injusto contra a Suíça".

Os jornais suíços ridicularizaram o advogado texano, de 49 anos, que ficou famoso, nos anos 90, quando ajudou a forçar os bancos suíços a pagarem US$ 1,25 bilhão a vítimas do Holocausto que haviam perdido suas poupanças.
 

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