Reuters
23/05/2001 - 19h56

Líder bósnio nega crimes de guerra

da reuters, em Belgrado

O líder sérvio da Bósnia, Radovan Karadzic, que comandou seu povo durante a guerra no país, disse em um pronunciamento divulgado hoje que não teve nenhum envolvimento com os crimes de guerra de que é acusado pelo tribunal especial da ONU.

Em uma carta ao patriarca ortodoxo sérvio Pavle, Karadzic decidiu entrar na polêmica com um parlamentar europeu que acusa a Igreja sérvia de nada ter feito para evitar atrocidades durante a guerra.

Passados seis anos do fim do conflito, Karadzic ainda vive foragido e raramente faz pronunciamentos públicos.

Na carta, publicada pela revista "Nedljni Telegraf", de Belgrado, Karadzic dizia ser "claro para qualquer pessoa honesta que não houve matança como resultado das nossas políticas".

Ele respondia a Doris Pack, presidente da Comissão de Assuntos Externos do Parlamento Europeu, que acusou a igreja ortodoxa de "abençoar Karadzic toda vez que ele matava pessoas e também de encobrir seus crimes''.

"Estou convencido de que o senhor e todos os outros líderes da Igreja sabem a verdade, mas eu gostaria de convencê-lo de que, quando toda a verdade for revelada, o lado sérvio não ficará envergonhado", dizia Karadzic ao patriarca.

Ele e seu comandante militar, Ratko Mladic, são acusados de planejar e cometer um genocídio durante o cerco dos sérvios a Sarajevo (1992-95) e de ter massacrado 8.000 muçulmanos em Srebrenica (1995).

Karadzic disse que "eventos em torno de Srebrenica, cuja encenação foi encomendada do exterior, também serão revelados''. O ex-líder acusou o tribunal da ONU com sede em Haia (Holanda) de agir motivado por razões políticas, não legais, dizendo que os juízes têm documentos "que testemunham os grandes esforços feitos pelo lado sérvio (e apenas pelo lado sérvio deste conflito) para evitar os crimes que se seguem a qualquer guerra civil''.

"Se os documentos de posse de Haia fossem tornados públicos e disponíveis a todos, uma reviravolta ocorreria na correção da injustiça e no estabelecimento de soluções permanentes e estáveis'', disse Karadzic na carta.

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