Reuters
24/05/2001 - 10h29

Forças iugoslavas preparam-se para última etapa de ocupação

da Reuters, em Buajnovic (Iugoslávia)

Forças iugoslavas começaram a entrar no último setor da zona de segurança junto à fronteira com Kosovo hoje, em uma operação patrocinada pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) que visa encerrar os 16 meses de rebelião de guerrilheiros de origem albanesa.

Às 8h, o comandante das forças iugoslavas no sul da Sérvia, general Ninoslav Krstic, deu ordem para começar a "Operação Bravo". Assim, o primeiro contingente de 4.000 soldados e policiais começaram a entrar no chamado Setor B da zona de segurança, com cinco quilômetros de largura e 35 de comprimento.

A Otan, aliança militar ocidental, criou essa zona quando defendia os albaneses de Kosovo das ações do então ditador iugoslavo, Slobodan Milosevic. Os soldados iugoslavos eram proibidos de entrar nessa região e, dessa forma, não poderiam se aproximar de Kosovo.

Mas as guerrilhas se aproveitaram dessa área vazia e a ocuparam. Como agora o Ocidente apóia o novo governo reformista da Iugoslávia, a própria Otan se encarregou de negociar uma anistia com os rebeldes albaneses para que eles depusessem as armas e entregassem a região ao controle do Exército local -300 guerrilheiros se renderam.

A Iugoslávia disse esperar pouca resistência na operação, mas alertou que há um grande número de minas antitanques e antipessoais na única estrada asfaltada da região. "As minas podem atrasar o nosso retorno", disse Miodrag Jeftic, porta-voz do Exército.

O governo anunciou que, nas primeiras duas horas de operação, foram encontradas duas minas antitanque, seis antipessoais e três granadas de mão no norte do setor B, além de um caminhão semicarregado com minas e granadas.

A rebelião albanesa no vale do Presevo, que começou em janeiro de 2000, provocou 50 mortes. As autoridades internacionais temiam que o conflito se espalhasse.

Se a operação na zona de segurança correr bem, os diplomatas devem usá-la como modelo para propor um plano de paz na vizinha Macedônia, onde o governo também enfrenta, desde fevereiro, uma rebelião da minoria albanesa do país, na fronteira com a Iugoslávia e Kosovo.

O novo governo reformista da Sérvia promete combater a discriminação que pesava contra os albaneses no regime de Milosevic. Interessado em desfazer a imagem de brutalidade que conquistou no antigo governo, o Exército prometeu agir com o máximo de cortesia com os civis e suas propriedades durante a operação de retomada do montanhoso Setor B.

As tropas iugoslavas esperam entrar na parte norte e sul do setor hoje. Vão então esperar até a próxima semana para retomar o controle sobre a parte central, mais populosa, onde os guerrilheiros mantinham suas bases e cavaram suas trincheiras.

Civis albaneses da região, que associam as tropas sérvias às atrocidades antialbanesas ocorridas em Kosovo, acham que a Otan foi afoita ao permitir a entrada de tantos soldados de uma só vez.

A maioria, porém, permaneceu em casa, sem provocar tumultos, até agora. Mas funcionários da ONU temem um êxodo de até 20 mil refugiados caso a operação não seja pacífica.
 

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