Reuters
24/05/2001 - 19h45

Vizinhos do Iraque pedem para não ser atingidos por sanções

da Reuters, em Ancara

O presidente turco, Ahmet Necdet Sezer, disse hoje que quaisquer novas sanções contra o regime iraquiano não devem aumentar ainda mais as obrigações de países vizinhos, como a Turquia e a Jordânia.

Sezer fez as declarações em um comunicado divulgado por seu gabinete após um encontro com o chanceler da Jordânia, Abdel Elah al-Khatib, em Ancara.

"O presidente Sezer notou que qualquer nova medida a ser aprovada não deve aumentar as obrigações que países vizinhos tiveram que suportar até agora", disse o texto.

O Reino Unido e os Estados Unidos tentam promover um novo sistema de sanções que facilite o acesso de civis a bens de consumo, mas mantenha a restrição a armas e munições pelos militares iraquianos.

O Iraque é contra esse novo sistema e disse nesta semana que vai suspender todas as exportações de petróleo caso ele entre em vigor. O regime de Saddam Hussein fez também ameaças específicas de cortar o fornecimento de petróleo à Jordânia e à Turquia caso esses países colaborem com as novas sanções.

O embaixador jordaniano Musa Braizat descreveu as ameaças iraquianas como "muito preocupantes". "Somos os países mais afetados por essa situação, que causa instabilidade na região", afirmou.

Ele disse que a Turquia pediu ao Conselho de Segurança da ONU que mude os termos das sanções. A Jordânia defende sua suspensão.

"Sabemos que há idéias sendo apresentadas ao Conselho, mas a posição de que as sanções devem ser suspensas é o ponto de partida'', disse Braizat.

A Turquia reclama do fato de já ter perdido US$ 30 bilhões em comércio com o Iraque desde que as restrições a Bagdá foram impostas, após a Guerra do Golfo (1991).

Ancara tenta melhorar os laços políticos e comerciais com o Iraque, outrora seu principal parceiro comercial, e designou um novo embaixador em Bagdá no começo deste ano.

Observadores dizem que a Turquia, que é membro da Otan, colocará sua cooperação com os Estados Unidos em risco se não apoiar as novas sanções.

Países ocidentais, principalmente os EUA, fazem vista grossa à compra ilegal de diesel do Iraque pela Turquia, que prossegue paralelamente ao programa "petróleo por comida", da ONU.

Braizat disse que o chanceler da Jordânia também discutiu as relações bilaterais e a crise no processo de paz do Oriente Médio com seu colega turco, Ismail Cem.
 

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