Reuters
03/07/2002 - 12h00

Festivais no Líbano prosseguem, mesmo sem artistas dos EUA

da Reuters, em Beirute

Eles ficaram sem os artistas norte-americanos que, depois dos ataques de 11 de setembro, evitam viajar ao Oriente Médio. Mesmo assim, os organizadores dos festivais de música do verão no Líbano conseguiram atrair artistas de renome.

O musical "Cats", de Andrew Lloyd Webber, e "Lord of the Dance", de Michael Flatley, serão apresentados em ambientes como ruínas romanas e um castelo da era otomana.

"A maioria dos artistas norte-americanos se negou a vir para esta parte do mundo. Alguns já tinham até aceitado novo convite preliminar, mas disseram que preferem não vir neste ano", contou Nora Jumblatt, organizadora do Festival de Beiteddine.

"Mas não foi o caso dos artistas franceses, britânicos e outros", prosseguiu. O festival começa nesta quarta-feira em um castelo situado na serra de Chouf, a sudeste de Beirute, e vai durar mais de um mês.

Além de "Cats", estão previstas apresentações do tenor José Carreras e da célebre cantora libanesa Fairouz.

O Festival Internacional de Baalbek, realizado na região homônima, em meio às ruínas de templos romanos, também dura um mês e terá "Lord of the Dance", de Flatley, e o baiano Gilberto Gil.

Os dois festivais, que são os eventos de maior público entre os vários que acontecem ao ar livre durante o verão libanês, enfrentam as memórias tristes da guerra civil libanesa, de 1975 a 1990.

O Festival de Baalbek foi encerrado abruptamente logo antes da temporada de 1975, quando era um evento anual que atraía grandes nomes como a bailarina Margot Fontayn e a cantora de jazz Ella Fitzgerald.

Depois do início da guerra civil, o vale do Bekaa, onde Baalbek se situa, se tornou reduto dos militantes islâmicos que fizeram reféns ocidentais durante a década de 1980 e centro de produção e tráfico de drogas.

O evento foi retomado em 1997, com a participação do violoncelista Mstislav Rostropovitch e, no ano passado, teve a presença de Sting.

O festival de Beiteddine, que em 2001 recebeu Elton John, começou pequeno durante a guerra, com cantores e dançarinos folclóricos árabes. No ano anterior, atraiu 50 mil pessoas, incluindo um grande número de libaneses que vivem no exterior e voltam para seu país nas férias de verão.

Baalbek começou como evento dominado pela música erudita, mas foi obrigado a incluir sons mais modernos, fato que entristece os intelectuais libaneses que se recordam de sua época áurea.

"Antes da guerra, tínhamos três semanas de música erudita. Se eu fizesse isso agora, receberíamos só 500 pessoas", recordou uma de suas organizadoras, entristecida. "As crianças que crescem em meio ao som de metralhadoras querem grandes espetáculos, e não arte."

 

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