Reuters
03/07/2002 - 15h48

Presidente afegão demite diretor de TV que vetou show de cantoras

da Reuters, em Cabul

O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, demitiu o diretor da rádio e TV estatal, que havia proibido a apresentação de cantoras e se recusava a deixar o cargo.

Abdul Hafiz Mansoor, o diretor demitido, deixará o comando da emissora amanhã. "Havia muitas reclamações contra Mansoor (pela qualidade da programação) vindas do público e do gabinete, e por causa disso ele foi removido, com a aprovação de Karzai", afirmou o ministro da Informação e Cultura, Sayed Raheen Makhdoom.

Mansoor não foi localizado para comentar sua saída, mas já havia dito que sairia se a ordem partisse do presidente. O ex-diretor é ligado à Aliança do Norte, grupo político-militar que domina o governo desde o ano passado.

Ele chegou a ocupar brevemente o Ministério da Informação no final de 2001. Seu sucessor, Makhdoom, já havia tentado demiti-lo duas vezes, sem sucesso.

A decisão mais polêmica dele à frente da TV estatal foi proibir que mulheres cantassem no ar, o que agora é permitido até em Candahar - reduto do extinto regime Taleban, que proibia o trabalho feminino e a música no Afeganistão. Mansoor, que foi "mujahid" (ou seja, participou da "guerra santa" contra a invasão soviética), disse que sua decisão seguia os preceitos muçulmanos.

Ele também foi criticado por não mostrar no noticiário noturno o retorno do ex-rei Zahir Shah, após mais de 30 anos de exílio, e aparentemente estava por trás de uma queixa levada à Suprema Corte contra a ex-ministra de Assuntos Femininos Sima Samar, acusada de blasfêmia. O caso não foi adiante.

No entanto, Makhdoom disse que a demissão de Mansoor não teve nada a ver com esses motivos. "A idéia é melhorar a programação da TV. Até o senhor Karzai, no dia em que foi eleito presidente, frisou a necessidade desses avanços", afirmou o ministro, que tratou a saída do diretor como "um assunto de rotina".

Mansoor será substituído pelo engenheiro Mohammad Isaq, também militante da Aliança do Norte. Simpatizantes do diretor demitido pediram em uma carta a Karzai a saída do ministro Makhdoom.
 

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