Reuters
06/07/2002 - 16h17

Brasil e Argentina devem assinar pacto automotivo em 30 dias

da Reuters, em Buenos Aires

Brasil e Argentina, os dois principais integrantes do Mercosul, afirmaram na sexta-feira que assinarão em 30 dias o pacto automotivo bilateral que negociam há sete anos. A afirmação foi feita pelo ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio do Brasil, Sérgio Amaral, após tentativa fracassada de selá-lo em um encontro do bloco comercial.

O comércio automotivo é importante para ambos os países por seu volume e por isso tem sido o mais problemático no processo de eliminação de tarifas comerciais que o Mercosul iniciou no começo da década de 1990.

Representantes de ambos os países assinaram na sexta-feira uma carta de princípios onde expressaram sua intenção de liberalizar em 2006 o comércio do setor.

"É um memorando de entendimento que fixa as regras (de um futuro acordo). Temos 30 dias para resolver as questões. O mais importante é o compromisso", disse Amaral.

Na sexta-feira, os governos dos países que fazem parte do Mercosul -Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai e seus sócios Bolívia e Chile- concluíram uma cúpula semestral de presidentes onde o bloco apoiou a Argentina em sua tentativa de conseguir ajuda internacional para sua abalada economia.

Amaral disse que ambos os governos concordarão em aumentar o volume do comércio automotivo, modificando as regras vigentes que estabelecem que deve haver um equilíbrio nos negócios.

Os países buscarão uma relação na qual cada US$ 1 exportado do Brasil para a Argentina será equivalente à venda de US$ 2 deste país para o Brasil.

As importações brasileiras aumentarão em US$ 0,20 por ano até a liberalização total do comércio automotivo em 2006, disse Amaral.

O acordo poderá dar oxigênio para a indústria automotiva da Argentina, afetada pela recessão do país, cuja economia não cresce desde 1998.

O ministro de Relações Exteriores do Brasil, Celso Lafer, disse que o acordo é uma contribuição do país para resolver a crise argentina, pois há uma decisão política de aumentar o déficit comercial com seu principal sócio no Mercosul.

Lafer adiantou que esta decisão não somente se estende aos automóveis, mas também às importações de trigo e petróleo da Argentina.

A Argentina aumentou para US$ 1,294 bilhão, de um total de US$ 388 milhões, seu saldo favorável no comércio com o Brasil durante os primeiros cinco meses do ano, em relação ao mesmo período do ano passado.

O saldo favorável é explicado por uma violenta caída nas vendas do Brasil para a Argentina, envolvida na pior crise de sua história.

Sobre as regras de origem de cada veículo, outro dos pontos espinhosos para a assinatura do acordo, os governo se comprometeram a ir modificando as normas para que sejam iguais em 2006.

Neste ano, cada veículo deverá ter 60% de fabricação originária em países do Mercosul e 40% de peças importadas.

A assinatura de um acordo para o setor automotivo entre o Brasil e a Argentina deverá estender-se mais tarde aos outros dois sócios, Uruguai e Paraguai, que têm interesses diferentes porque não produzem veículos.





 

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