Reuters
25/05/2001 - 14h56

Rússia tenta desfazer mistérios em torno do Kursk

da Reuters, em Moscou

A Rússia prometeu hoje que fará do resgate do submarino Kursk um modelo de transparência frente à opinião pública, após as críticas por causa do mistério que cercou o acidente.

Mas apesar de criar um site na internet para apresentar a operação de resgate e de prometer completo acesso da imprensa à operação, o governo e a Marinha disseram que vão deixar no fundo do mar de Barents, a cem metros de profundidade, o compartimento de torpedos que deu origem à tragédia e que poderia conter sua explicação.

Em agosto do ano passado, todos os 118 tripulantes do submarino nuclear morreram quando duas explosões rasgaram o compartimento de torpedos.

As autoridades foram criticadas dentro e fora da Rússia por sua demora em pedir auxílio externo. O presidente Vladimir Putin foi alvo de comentários indignados por ter cercado o caso de sigilo.

Oficiais da Marinha russa culparam uma embarcação da Otan por ter atingido o submarino, e a imprensa local deu espaço a especulações de que a explosão de mísseis secretos ou a colisão com um barco estrangeiro teria provocado o acidente.

Após apresentar o site e responder a perguntas enviadas por russos, o coordenador de comunicações do Kremlin, Sergei Yastrzhembsky, disse que o governo quer dar ao mundo informações transparentes sobre a operação que trará o Kursk novamente à tona.

"No campo da informação, muitas coisas foram desfavoráveis no ano passado, mas tentamos tirar lições daquilo e queremos que a operação seja a mais aberta e objetiva possível", afirmou.

O comandante da Marinha Vladimir Kuroyedov, que mantém a versão de que um submarino da Otan provocou o naufrágio, disse que a transparência é vital para um país que ainda Tem muitas questões acerca do pior acidente da história com seus submarinos.

Kuroyedov também disse que a missão acarreta muitos riscos. "Ela é preparada de acordo com um plano técnico que prevê o perigo, inclusive o de radiação", disse o almirante, acrescentando que os testes feitos até agora não apresentaram sinais de vazamento radioativo.

O site vai apresentar detalhes da operação de resgate até o final dela, previsto para entre 15 e 20 de setembro.

O vice-primeiro-ministro Ilya Klebanov disse que a comissão liderada por ele, que estuda as causas do acidente, vai precisar esperar até que os destroços estejam na superfície para saber o que aconteceu. "Talvez só possamos descobrir após ver o primeiro compartimento (que será içado)."

Uma simulação no site mostra como o compartimento de torpedos será separado do resto, enquanto a carcaça receberá furos e, atada a cabos, será puxada à superfície e rebocada até um local seco.

Só posteriormente as autoridades vão decidir o que fazer com a parte deixada no fundo do mar. "Vamos precisar avaliar se o resgate do compartimento de torpedos lançaria luz sobre a causa do acidente e se poderia ser feito com segurança", disse Kuroyedov.

A empresa holandesa Mammoet ganhou a concorrência para retirar o submarino, uma operação de valor não revelado, porque prometeu concluir a tarefa ainda no verão boreal deste ano.

A Smit Internationale e a Halliburton, que participavam de um consórcio derrotado na licitação, devem colaborar com a Mammoet e a Marinha. A Rubin, de São Petersburgo, que projetou o submarino, também vai participar do resgate.

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