Reuters
11/07/2002 - 08h06

Chávez pede calma antes de manifestação na Venezuela

da Reuters, em Caracas

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, pediu na noite de ontem a seus aliados e adversários que mantenham a calma e respeitem a democracia e os direitos humanos nas manifestações marcadas para hoje.

Brandindo um pequeno crucifixo de prata e uma cópia da Constituição, Chávez disse estar confiante no caráter pacífico da passeata convocada pela oposição. Em abril, uma manifestação semelhante terminou com 17 mortos, o que desencadeou um golpe de Estado que manteve o presidente afastado do poder durante dois dias.

"Convoco todos a permanecer calmos. Calma, prudência e paciência", afirmou Chávez em um discurso ao vivo pela televisão. Ele disse que hoje não vão se repetir "o horror e a anarquia" de abril. "Tenho certeza que amanhã [hoje] será outro dia de democracia", afirmou, prometendo moderação por parte da polícia e de seus simpatizantes.

Os organizadores da marcha esperam milhares de pessoas pedindo a renúncia de Chávez no centro de Caracas.

Chávez não estará em Caracas na hora da manifestação. Ele irá a uma cerimônia militar em Maracay, 100 km a oeste da capital, numa importante base que serviu de apoio a sua restituição, em abril.

A Igreja também pediu diálogo para resolver a tensão política mantida desde abril. "Em nome de Deus, convidamos os venezuelanos a enterrar o ódio e rejeitar todas as soluções violentas", disse uma nota da conferência episcopal.

Pelo menos um grupo simpático a Chávez prometeu se reunir hoje, na frente do palácio presidencial de Miraflores. Mas o governo disse que não vai permitir nenhuma manifestação nessa área.

Após negociar com o governo, a oposição acertou que uma pequena comissão irá até o palácio entregar cerca de 100 mil cartas pedindo a renúncia de Chávez.

Ontem, caminhões cheios de pára-quedistas militares chegavam à capital, mas o vice-presidente José Vicente Rangel negou uma mobilização especial. "Não há razão para emergência", afirmou.

O comandante do Exército da Venezuela, general Julio García Montoya, disse que os soldados ficarão nos quartéis durante a manifestação de hoje. "As pessoas devem ficar calmas e confiar nas suas Forças Armadas", disse.

Ainda ontem, o ex-presidente norte-americano Jimmy Carter deixou Caracas sem conseguir promover uma reunião entre Chávez e seus adversários políticos.

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