Reuters
11/07/2002 - 13h57

Passeata contra Chávez reúne dezenas de milhares em Caracas

da Reuters, em Caracas

Em um mar de bandeiras e cartazes coloridos, dezenas de milhares de manifestantes fizeram hoje uma passeata pedindo a renúncia de Hugo Chávez à Presidência da Venezuela.

A oposição queria levar o protesto em direção ao palácio de Miraflores, mas havia o temor de que se repetissem os incidentes violentos de abril, quando uma manifestação semelhante deixou 17 mortos e precipitou um golpe militar que afastou Chávez do poder durante dois dias.

Reuters - 14.abr.2002
Hugo Chávez, presidente da Venezuela
Desta vez, não houve violência. Na noite anterior, o presidente havia ido à TV pedir calma a seus simpatizantes e adversários.

Com música e apitos, os venezuelanos pediram a saída de Chávez e justiça pelos incidentes de abril. "Fora, fora", gritavam os manifestantes. "Não dispare, sou venezuelano" e "É proibido proibir" eram mensagens presentes em algumas camisetas.

O aposentado Roberto Valladares, 71, e seu cão saíram de preto. "Ele fez o país se erguer em armas. Estamos de luto. Ele tem de sair", afirmou.

Centenas de militares e policiais, além de um blindado e um canhão de água, isolaram o palácio presidencial. Mas Chávez não estava ali. Havia ido a uma cerimônia militar em Maracay, a cem quilômetros da capital, onde em abril comandantes leais a ele comandaram a resistência ao golpe.

"Vamos avançar até onde pudermos, enquanto garantirmos a segurança das pessoas", disse Luis Manuel Esculpi, líder do Partido da União, de oposição. O governo permitiu que uma comissão fosse até o palácio entregar 100 mil cartas pedindo a renúncia de Chávez.

Atrás da barricada militar, algumas centenas de simpatizantes de Chávez faziam uma manifestação a favor dele.

O país vive um clima de tensão há vários meses. Na terça-feira (9), os líderes da oposição boicotaram um encontro com o governo, articulado pelo ex-presidente norte-americano Jimmy Carter, que deixou o país ontem mas manteve em Caracas uma delegação do Carter Center para monitorar as manifestações.

Eleito em 1998 com a promessa de combater a corrupção e fazer reformas sociais, Chávez, um ex-coronel do Exército que já havia tentado um golpe, é acusado pela oposição de fomentar a luta de classes no maior produtor de petróleo da América do Sul.

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