Reuters
12/07/2002 - 09h30

Partido boliviano nega apoio a Sánchez de Lozada

da Reuters, em La Paz

O Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR) anunciou ontem que não apoiará o empresário Gonzalo Sánchez de Lozada na votação parlamentar que vai escolher o novo presidente da Bolívia.

A executiva nacional do partido, reunida no sul do país, decidiu manter-se neutra na disputa entre Sánchez e o líder dos plantadores de coca Evo Morales.

"A Bolívia terá um presidente no dia 6 de agosto, mas não vamos interferir nessa eleição", disse o candidato derrotado do partido no primeiro turno (em eleição direta), o ex-presidente Jaime Paz Zamora.

Agora, o MIR, que apesar do nome é de centro-esquerda, quer manter-se como uma força importante no Congresso, com seus 31 deputados. O partido é o quarto mais importante da Bolívia e tornou-se o fiel da balança no segundo turno.

O Congresso vai escolher o novo presidente, em 3 de agosto, porque nenhum dos candidatos conseguiu mais da metade dos votos populares. Se nenhum dos dois conseguir maioria absoluta após três votações no plenário, Sánchez de Lozada será eleito, pois foi mais votado no primeiro turno.

Sánchez já governou o país entre 1993 e 97. Teve 22,46% dos votos na semana passada. Segundo resultados preliminares, o seu partido centrista Movimento Nacionalista Revolucionário elegeu 11 senadores e 34 deputados. Ele precisa, portanto, de mais 35 votos para conseguir a eleição no segundo turno.

Para isso, Sánchez já recebeu o apoio da populista Unidade Cívica Solidariedade (seis deputados) e da Aliança Democrática Nacionalista, de direita (cinco). Mas a Nova Força Republicana, de centro-direita, também anunciou que seus 28 parlamentares não votarão em Sánchez.

O esquerdista Morales disse na terça-feira (9) que não vai se aliar com nenhum partido do "corrupto sistema neoliberal", mas esclareceu que aceitaria apoios.

Se Morales perder, ainda terá uma vaga de deputado, o mais votado do país -83% do seu distrito do Chapare. Aos 42 anos, esse líder dos aymara se tornou o primeiro índio a disputar a reta final da corrida presidencial. Ele também é considerado a principal liderança rural da história do país.

Seu Movimento ao Socialismo terá oito senadores e 28 deputados no novo Congresso. Conta com apoio dos cinco parlamentares do Movimento Indígena Pachakuti e do único deputado do Partido Socialista. Mesmo assim, o bloco de Morales está longe dos 80 parlamentares necessários para a eleição indireta.

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