Reuters
15/07/2002 - 15h27

Líderes dos Bálcãs prometem nova era em cúpula histórica

da Reuters, em Sarajevo (Bósnia)

Os presidentes da Iugoslávia, Bósnia e Croácia realizaram hoje uma cúpula histórica em Sarajevo (capital bósnia) e prometeram retomar a paz, a confiança e o comércio entre os três países destroçados pelas guerras balcânicas.

Mas uma diferença nas posturas deles ficou clara quando o presidente iugoslavo, Vojislav Kostunica, se recusou a pedir desculpas pelas atrocidades cometidas pelos sérvios e a apelar pela rendição do ex-líder sérvio da Bósnia Radovan Karadzic.

Na primeira cúpula do tipo a ser realizada, os líderes prometeram respeitar as fronteiras recíprocas, cooperar na área comercial e no combate ao crime e ajudar os refugiados a voltarem para casa. Mais de um milhão de pessoas que fugiram durante os conflitos dos anos 90 continuam longe de seus lares.

Meios de comunicação muçulmanos da Bósnia defenderam antes da cúpula que Kostunica pedisse desculpas pelas operações de limpeza étnica realizadas por sérvios durante a guerra no país (1992-95), crimes pelos quais o antecessor dele no cargo, Slobodan Milosevic, está sendo julgado em um tribunal internacional.

O chefe da Presidência muçulmana da Bósnia, Beriz Belkic, também disse que gostaria de ver um pedido de desculpas, mas não levantaria a questão na cúpula para salvaguardar as boas relações de vizinhança.

Kostunica não se manifestou sobre a questão e se recusou a atender ao pedido de um repórter a fim de apelar a Karadzic para que se rendesse.

"Não vejo por que deveria me preocupar com isso", afirmou, acrescentando que essa não era sua função na qualidade de chefe de Estado.

"Somos três países que saíram da ex-Iugoslávia. Três países que estão agora em transição e devem cooperar entre si, porque nossas economias dependem que cooperemos uns com os outros", afirmou o presidente croata, Stjepan Mesic.

"Mas devemos ter consciência de que temos uma guerra brutal atrás de nós. Essa guerra deixou graves consequências que temos de superar", afirmou.

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