Reuters
27/05/2001 - 14h24

Refugiados alegam ser maltratados na Macedônia

da Reuters, em Skopje (Macedônia)

Os campos de batalha da Macedônia estavam calmos hoje, mas um observador dos direitos humanos disse que foram registrados casos de refugiados albaneses de origem étnica maltratados por tropas de segurança do governo.

"Nós temos registrado muitos casos de homens que foram espancados. Em alguns casos, jovens e mulheres foram espancados também", disse Peter Bouckaert, pesquisador da Human Rights Watch. "Nós estamos muito preocupados a este respeito."

Bouckaert afirmou que pessoas tem sido espancadas tanto no nordeste, na área de Kumanovo onde as tropas do governo têm lutado contra os rebeldes do Exército de Liberação Nacional (NLA) desde o início deste mês, quanto em Tetovo, no noroeste, em março.

Quando os rebeldes iniciaram a revolta no início do ano, eles provocaram medos muito difundidos de uma nova guerra nos Bálcãs.

Repórteres em Kumanovo disseram não ter ouvido sinais de bombardeio ou combate desde a manhã, um grande contraste em comparação a ontem quando toda a área controlada pelos rebeldes estava sob o fogo dos disparos.

Um comandante do NLA, que afirmou se chamar Shpati, disse que os civis, agora concentrados na aldeia de Lipkovo, estavam precisando de ajuda.

"A comida é escassa. Não há água e os remédios estão acabando," disse ele. Ele reiterou que as guerrilhas queriam que o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (ICRC) ajudasse a levar os refugiados para Kosovo, dominada pelos albaneses de origem étnica.

A Cruz Vermelha não quis fazer comentários sobre seus planos para hoje, dizendo que eles precisam ser discretos pelo bem dos civis.

Êxodo

O Ocidente tem apoiado a Macedônia na sua batalha contra os rebeldes, mas exigiu o uso apropriado da força, com medo que um grande número de vítimas civis venha a dividir o governo de unidade nacional formado há duas semanas pelos principais partidos eslavos e albaneses.

Uma fonte diplomática em Skopje disse que estão sendo feitos esforços no sentido de encontrar uma solução para a crise deflagrada na semana passada por um "acordo de paz" que os principais líderes albaneses de origem étnica concluíram em segredo com o chefe político de uma guerrilha.

Os moradores das aldeias começaram a deixar a área na quinta-feira, no dia em que o Exército lançou um ataque por terra, após terem se escondido em porões por mais de três semanas em aldeias que se transformaram em baluartes dos rebeldes e foram bombardeadas por helicópteros, tanques e artilharia.

Estima-se que 10 mil pessoas viviam na área antes dos combates começarem no dia 3 de maio.

Cerca de 2 mil refugiados fugiram para o norte em direção à Sérvia na quinta-feira e na sexta-feira cerca de mil deixaram a aldeia de Vakcince, que foi retomada por tropas do governo no final do dia. Ontem, grupos menores deixaram duas outras aldeais que também estavam sob o fogo dos disparos.

A Macedônia prometeu ontem expulsar os rebeldes do Exército Nacional de Libertação do país depois de recapturar duas aldeias.

O Exército Nacional de Libertação disse que está lutando para terminar com a discriminação contra os albaneses de origem étnica pela maioria eslava da Macedônia, mas autoridades do governo e o Ocidente têm condenado e considerado os rebeldes como terroristas.

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