Reuters
27/05/2001 - 16h50

Europa pode não atingir meta do acordo de Kyoto

da Reuters, em Bruxelas

Quando os EUA surpreenderam o mundo em março ao rejeitar o tratado de Kyoto, que tenta reverter o aquecimento global, a União Européia (UE) não perdeu tempo em declarar que manteria o acordo vivo com ou sem os norte-americanos.

Mas o bloco composto por 15 países-membros, que criticou duramente os EUA por abandonarem o tratado de 1997, não tem nenhuma certeza de que conseguirá cumprir as metas previstas no documento: cortar a emissão de gases que provocam o efeito estufa. Isso porque muitos dos estados europeus verificaram, ao contrário do que seria previsto, uma elevação no volume de emissões.

Os motivos apresentados pelo presidente dos EUA, George W. Bush, para rejeitar o acordo de Kyoto eram de que diminuir até 2010 em 7% as emissões em relação ao patamar de 1990 era uma medida que danificaria a economia norte-americana. A meta foi acertada pelo governo de Bill Clinton, antecessor de Bush.

O acelerado ritmo de expansão da economia norte-americana nos anos 90 levaram a um grande aumento na emissão dos gases que provocam o efeito estufa, em especial do gás carbônico produzido pela queima de combustíveis fósseis. Em 1998, o país emitiu 11,2% a mais que os níveis de 1990.

Enquanto isso a UE, com uma economia crescendo a uma velocidade menor e com a sorte de ter verificado dois ou três fatores favoráveis, conseguiu reduzir o nível total das emissões.

Os maiores índices de emissão da UE ficaram cerca de 4% abaixo dos níveis de 1990, no ano de 1999, um desempenho bastante melhor que o verificado em 1998, quando as emissões ficaram 2,5% abaixo do nível de 1990.

Visto assim, parece que o bloco caminhava com facilidade para cumprir sua meta de corte de 8% até 2010. Especialistas, porém, afirmam que isso não acontecerá se medidas duras não forem tomadas.

E as reduções são muito desiguais. 'Se analisarmos os números de cada país, as coisas aparecem de uma forma bastante diferente'', disse Richard Baron, um especialista da Agência de Energia Internacional.

Em seu último relatório sobre a emissão de gases do efeito estufa, divulgado em novembro, a Comissão Européia afirmou que as atuais políticas e medidas levariam a uma redução em 2010 de, no máximo, 1,4% em relação aos níveis de 1990.

A queda acentuada nas emissões até agora deveu-se principalmente a fatores incidentais. A reunificação alemã, por exemplo, levou ao fechamento de muitas indústrias altamente poluentes da ex-Alemanha Oriental.
 

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